quinta-feira, 3 de novembro de 2011

SMS 435. Isso, no aeroporto, foi demais

3 novembro 2011

Como se sabe, numa terra onde o turismo é pão para a boca, o aeroporto é a sala de visitas onde não só tudo deve ser feito para dar boa imagem junto de quem se recebe ou se despede, mas sobretudo onde se prova os valores de civismo que temos, o nível de civilidade que possuímos e o estado dos serviços públicos ou de utilidade pública do anfitrião. E aquilo que ocorreu no aeroporto de Faro, foi demais, em todos os aspetos.

Antes de tudo, aquilo cair, sendo obra recente e não sendo aquilo propriamente uma barraca de feira, não é apenas estranho, é inconcebível. Decorre o inquérito do LNEC, oxalá seja rápido, mas qualquer leigo em construção civil vê à vista desarmada que um terminal de aeroporto apto a receber milhares de passageiros por dia não se constrói como quem monta um circo. Numa obra daquelas, há imponderáveis que devem ser obrigatoriamente previstos. Mas aconteceu e o que aconteceu depois, foi um espetáculo deprimente. Centenas e centenas de passageiros sem informação, sem apoio, atirados para o parque de estacionamento e na ânsia de fugir dali o mais rápido possível, rapidez que foram horas e horas, sem que fosse notória a presença de quem, com solicitude, devia dar informação e apoio. Naturalmente que não competia às companhias aéreas tomarem a dianteira na defesa da imagem do Algarve que estava em causa, intrometerem-se numa operação de emergência cívica que se impunha célere, substituírem-se aos procedimentos de civilidade que seriam expectáveis dos responsáveis pela aerogare, ou colmatarem a falta de resposta dos serviços públicos e de utilidade pública que, coordenadamente ali deviam ter acorrido prontamente com meios de atendimento e apoio. O que se viu foi que, com a maior naturalidade deste mundo, quem naquele momento devia gerir pessoas, informar pessoas e apoiar pessoas, estava preocupado com números, olhando para as nuvens do céu na expetativa de não chover no descampado. O que interessava era fazerem o chek-in, soprasse o vento que soprasse, demorasse o t6empo que demorasse. Tratados como bichos.

Infelizmente os casos de desprezo e de insensibilidade perante quem nos visita e desejamos que voltem a visitar-nos, são muitos e desde há muito – não foi apenas ali, no aeroporto, onde as coisas foram demais. Basta rebentar uma ETAR e as praias e as águas ficarem imundas, ou um penedo cair, para esse género de desprezo e insensibilidade ficar patente, sobretudo com omissão de informação supostamente para não estragar a “imagem do Algarve” e cada um que se amanhe, seja alemão, britânico ou belga que os da casa são parentes, vizinhos ou empregados e por isso calam.

Péssima gestão de imagem, civismo nas lonas, serviços públicos sem rei nem roque, gestores impantes empurrando uns para os outros e que parecem ter saído das novas oportunidades, não estas mas as da Idade Média, porque o procedimento é feudal.

Carlos Albino
________________
Flagrante eficácia: A revelada pelo ministro Álvaro Santos Pereira ao ordenar inquéritos sobre o que se passou no aeroporto de Faro – sobre as causas e sobre os efeitos. Também outra coisa não seria de esperar…

Sem comentários: