Como se sabe, numa terra onde o turismo é pão para a boca, o
aeroporto é a sala de visitas onde não só tudo deve ser feito para dar boa
imagem junto de quem se recebe ou se despede, mas sobretudo onde se prova os valores
de civismo que temos, o nível de civilidade que possuímos e o estado dos
serviços públicos ou de utilidade pública do anfitrião. E aquilo que ocorreu no
aeroporto de Faro, foi demais, em todos os aspetos.
Antes de tudo, aquilo cair, sendo obra recente e não sendo aquilo
propriamente uma barraca de feira, não é apenas estranho, é inconcebível.
Decorre o inquérito do LNEC, oxalá seja rápido, mas qualquer leigo em
construção civil vê à vista desarmada que um terminal de aeroporto apto a
receber milhares de passageiros por dia não se constrói como quem monta um
circo. Numa obra daquelas, há imponderáveis que devem ser obrigatoriamente
previstos. Mas aconteceu e o que aconteceu depois, foi um espetáculo
deprimente. Centenas e centenas de passageiros sem informação, sem apoio,
atirados para o parque de estacionamento e na ânsia de fugir dali o mais rápido
possível, rapidez que foram horas e horas, sem que fosse notória a presença de
quem, com solicitude, devia dar informação e apoio. Naturalmente que não competia
às companhias aéreas tomarem a dianteira na defesa da imagem do Algarve que
estava em causa, intrometerem-se numa operação de emergência cívica que se
impunha célere, substituírem-se aos procedimentos de civilidade que seriam
expectáveis dos responsáveis pela aerogare, ou colmatarem a falta de resposta
dos serviços públicos e de utilidade pública que, coordenadamente ali deviam
ter acorrido prontamente com meios de atendimento e apoio. O que se viu foi
que, com a maior naturalidade deste mundo, quem naquele momento devia gerir
pessoas, informar pessoas e apoiar pessoas, estava preocupado com números,
olhando para as nuvens do céu na expetativa de não chover no descampado. O que
interessava era fazerem o chek-in, soprasse o vento que soprasse, demorasse o
t6empo que demorasse. Tratados como bichos.
Infelizmente os casos de desprezo e de insensibilidade perante quem
nos visita e desejamos que voltem a visitar-nos, são muitos e desde há muito –
não foi apenas ali, no aeroporto, onde as coisas foram demais. Basta rebentar
uma ETAR e as praias e as águas ficarem imundas, ou um penedo cair, para esse
género de desprezo e insensibilidade ficar patente, sobretudo com omissão de
informação supostamente para não estragar a “imagem do Algarve” e cada um que
se amanhe, seja alemão, britânico ou belga que os da casa são parentes,
vizinhos ou empregados e por isso calam.
Péssima gestão de imagem, civismo nas lonas, serviços públicos sem
rei nem roque, gestores impantes empurrando uns para os outros e que parecem ter
saído das novas oportunidades, não estas mas as da Idade Média, porque o
procedimento é feudal.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante eficácia: A revelada pelo ministro Álvaro Santos Pereira ao ordenar inquéritos sobre o que se passou no aeroporto de Faro – sobre as causas e sobre os efeitos. Também outra coisa não seria de esperar…
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