quinta-feira, 28 de julho de 2011

SMS 421. O “nosso” elefante

28 julho 2011

Não gostaria de voltar a este assunto, mas tem que ser. Por aí ficou preto no branco que, pelo Estádio Algarve, a Câmara de Loulé paga 2,1 milhões de euros por ano enquanto a parceira Câmara de Faro paga apenas 900 mil euros, portanto menos de metade. E é com tais pagamentos que temos um estádio com o nome “Algarve”  mas às moscas, não fossem em todos estes anos uns desafios da II Divisão, três sacrifícios do Portimonense, um recurso afluente do Guadiana, e uns festivais, além do rali – tudo somado, muito pouco para compensar o esforço financeiro de Loulé sem fama nem proveito e o de Faro com fama. Mas é esse o nosso estimado elefante que custa a erário público 3 milhões de euros. Nem quero imaginar se tal montante fosse gasto num plano de combate à relutância da leitura, já não digo nos dois concelhos da obra – Faro e Loulé, mas em todo o Algarve! Seria um escândalo destinar três milhões de euros para que os jovens de modo geral não entrem cada vez mais parvos para as universidades, pagando a melhores professores do que os muitos que por ai andam a fazer de conta. Todavia, segundo parece, para se manter um elefante branco, o dinheiro, todo o dinheiro é bem empregue e poucos questionam, tal como ninguém questionou o slogan que durou durante toda a construção daquele estendal: “Construímos vitórias!”, era assim, quando deveria ter sido – “Construímos Buracos!”. É claro que, para além do estádio há o Parque das Cidades que, se é Parque ninguém deu por isso, e se é de Cidades, é de ver bem isso, quais são as cidades que se dão a esse luxo com fama e proveito.

Quando, por ocasião do lançamento da ideia do estádio, dissemos frontalmente ao direto responsável governamental da ocasião que, para ali, seria melhor um projeto mais integrado comunitariamente, com valências rentáveis e interligadas com a região por exemplo com o alvitre de um velódromo coberto, recordo-me da resposta - uma gargalhada. E ainda hoje ouço essa gargalhada quando vou àquele descampado verificar se houve alguma evolução da espécie e se a direção do vento mudou... enfim este pequeno pormenor que não se nota no estirador de arquiteto ganhador de concursos mas que não pode ser descurado por quem conta as notas de euros ao ar livre. E as notas, ali com a ventania do cerro da Goldra como voam! E como voam mais a de Loulé que as de Faro, cidade esta que não será com São Brás e muito menos com Almancil que vai compensar aquilo... Pelo contrário, fará aumentar a ventania.

Carlos Albino
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Flagrante mestra: Aquela rapariga de Guimarães que há um ano provocatoriamente e com toda a proa esvaziou as praias do Algarve, foi apeada pelos próprios de Guimarães. Só que a indemnização daria para pagar refeições escolares a crianças carecidas em três concelhos... Grande mestra!

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