quinta-feira, 14 de julho de 2011

SMS 419. O futuro do PS cá da terra

14 julho 2011

Interessa a todos. O futuro do PS, sobretudo o cá da terra, interessa tanto como o do PSD, o do PCP, o do CDS, o do BE, e de cada um dos demais, desde que sejam legais e concorram, tenham conseguido assentos parlamentares ou não, estejam representados somente numa assembleia de freguesia do monte ou estejam em todas, tenham poder ou não. Os partidos, no seu conjunto, formam o retrato político da terra e, gostemos ou não dos primos, sejam ou não parentes afastados ou mesmo parentes de pára-quedas, é a “família” que temos e perde o Algarve se a família for má. Agora, naturalmente, é o PS que está em causa, havendo aí uma parte que é restrita e das contas da casa, mas outra parte que é pública e do interesse público. E o PS está mal.

Primeiro, porque viveu ao sabor, ao ritmo ou por inércia das vitórias ou derrotas do líder nacional de cada momento – raramente se questionou, nos últimos anos, pelas causas próprias (não culpas), pelos motivos próprios (não interesses) e pelas responsabilidades no próprio cartório (não conjunturas lá decima). Segundo, como de resto é mal geral a todos os partidos, esteve sempre aberto a todas as críticas, sem dúvida, mas cada crítica ou foi tratada como armadilha da oposição, ou remetida para a prateleira dos ataques classificados como pessoais. Terceiro, viveu dos resultados – às mil maravilhas, camarada, quando se revelaram favoráveis, vitimando-se, apelando à misericórdia geral por ocasião dos tombos e enganando-se com aqueles cálculos primários de que amanhã é um novo dia, virando-se o disco e tocando a mesma música.

Ora se os partidos existem para conquistar o poder pelo sufrágio, é também pelo poder que conseguem conquistar e pelo número e qualidade dos protagonistas da conquista, que os partidos valem. Mais ou menos.

E o que é que o PS cá da terra conquistou? Pouco. Dois deputados, numa lista em que a figura do quarto lugar deveria ser a primeira, com uma terceira ninguém sabe porquê mas na expetativa de alguma renúncia, a primeira figura com interesses políticos manifestamente longe do Algarve (ou pelo menos longínquos) e a segunda figura que nem atou nem desatou, quando deveria ter atado logo nas legislativas de 2009 e desatado antes destas últimas, as de junho.

É que não basta ser voz no Algarve, é preciso ser voz do Algarve – é isso que o eleitorado exige, espera e reclama dos deputados eleitos, mesmo daqueles a quem não destinou o voto. E para ser voz do Algarve é preciso corporizar os interesses, as aspirações, as razões e sobretudo as condições que o Algarve entende como necessárias para o seu bem comum. Ninguém exige a um deputado algarvio que seja contra o Alentejo, uma boca aberta contra o Norte, um arqueiro medieval contra o Oeste ou um artista de circo contra o poder central. O que se exige é atenção política, corpo inteiro e alma viva, e particularmente do PS que não saia pela esquerda alta.

Claro que o Algarve precisa que o PS tenha isso, seja isso, como precisa que cada um dos restantes partidos tenham isso e sejam isso, porque se não tiverem e não forem, vão ver. É uma questão de tempo – para se enganar o eleitorado é preciso ter maior memória que este… o que é impossível, em democracia. Tirem os cavalinhos da chuva.

E a pergunta que inevitavelmente se coloca será esta: conseguirá o PS dar a volta por cima, conseguirá reagrupar-se para enfrentar o que o calendário democrático impõe – autarquias, para já, legislativas lá mais para a frente? E neste parlamento? O que é isso?

Carlos Albino
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Flagrante criminalidade: Naturalmente que nas esquadras não se combate o crime lendo calmamente os jornais que recebem em primeira-mão as notícias do próprio crime. E quando crime é já algo muito próximo do terrorismo, há que haver mobilização. Não é a palavra?

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