24 junho 2010
E como estamos em época de crise e de forçada poupança, lá vem outra vez a história dos governadores civis como se fosse com a extinção deste cargo (18 titulares) que alguma salvação viria para as finanças públicas. Quem reclama a extinção sabe, lá bem no fundo, que a poupança é irrelevante e que manter ou não o cargo de governador civil é coisa meramente simbólica, primeiro porque o cargo é simbólico e segundo porque cada figura que o exerce simbólica é. O cargo é simbólico do centralismo (que é o sistema, haja ou não governo civil) e as figuras simbólicas são da mordomia política acrescida de alguma relevância protocolar que, além das polícias, pouca gente sente e, se sente, é por deferência civilizada. Na dependência hierárquica do ministro da Administração Interna e com equiparação a secretários de estado, os governadores civis obviamente que não obstáculos à regionalização, embora sejam os braços mais emblemáticos do centralismo, como de resto emblemáticas são desse mesmo centralismo as dezenas de direcções, delegações e agências regionais que mascaram uma descentralização que não há e dissimulam uma desconcentração faz de conta, cada uma delas apresentando-se por sua vez como governozinho civil gozando a vida à custa do mau da fita que é esse governo civil assumido. E por aí sim, seria pelas direcções e delegações regionais que de regionais nada têm que a poupança deveria ser feita, até porque se suspeita que no seu conjunto esteja já a ser mais dispendiosa do que uma efetiva regionalização. No Algarve, por exemplo, o que se ganha com a extinção do governo civil, mantendo uns 40 governozinhos civis (parece que João Soares contou 48...) que, não raras vezes, são mais intratáveis que o simbólico e intratável Terreiro do Paço? Até porque, também não raramente, o governo civil é a única defesa de proximidade perante as 40 prepotências que nos cercam e que, algumas, em termos de mordomia, fazem elevar o governo civil aos céus.
Carlos Albino
- Flagrante promoção: Se chamam a isto promoção do Algarve, cá dentro e lá fora, é uma grande promoção a juntar à animação que é um provincianismo que soma e segue.
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