Há nesta novela da Maddie, uma evidência de poderosa realidade – Maddie é a culpada, afinal culpada de tudo. É a verdade. Ela é a culpada da existência da Judiciária, julga-se que até a criação da inexperiente PJ portuguesa foi uma das suas brincadeiras, porque antes já tinha inventado a experimentadíssima polícia de investigação inglesa para a qual está ainda para surgir um caso que não tenha sido resolvido; ela foi a culpada de ter convencido o Papa, pelos canais diplomáticos, a receber o casal McCann; ela foi a culpada por aquela jantarada; ela, sim, só ela através de heterónimos implantados com sagesse nos diários, rádios e televisões, foi a única culpada de todo este espalhafato; ela foi a culpada por essa dúvida de rapto ou morte, conforme a conveniência; outro culpado não se encontra para o avanço de tantos detectives privados, uns espanhóis, outros britânicos, possivelmente outros ainda apátridas e alguns até videntes; culpada foi da organização do fundo, da gestão do fundo e do marketing do fundo; culpada foi do resort, da Praia da Luz, da Igreja, dos cães, dos vestígios, dos porta-vozes e sobretudo culpada dos desenhos dos retratos robots de um moreno e sobretudo caucasiano. E, portanto, de tudo o que se coligiu, é que a culpa de Maddie no seu próprio caso não teve, e por sua única culpa não podia ter tido esta interrogativa racional: - «Qual é a pista mais provável?». Teve esta estranha interrogativa: «Quem é alguém que está algures e não diz nenhures?». Naturalmente esse alguém que está algures e não diz nenhures só pode ser Maddie, a única culpada.
Agora só falta um milagre, o milagre da aparição de Maddie na Praia da Luz. Mas duvida-se que Deus, sabedor do que todos os protagonistas sem culpa sabem, autorize. Mas que tal milagre daria jeito para que a novela termine, ah! lá isso dava.
Carlos Albino
- Flagrante expectativa: Por um estudo sobre os benefícios e malefícios da marca Allgarve porque há experiências que matam.
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