Paradoxalmente há dois movimentos opostos em matéria de regionalização: um, para a Madeira e para os Açores, onde vale o princípio de quanto mais regionalização melhor, sejam quais forem os expedientes dos beneficiados e as intenções nem sempre clarificadas dos decisores; outro, onde prevalece o mandamento segundo o qual quanto menos regionalização melhor ainda, ora com desculpa na crise e no défice, ora com receio de se perder a fartura e abastança das horas em que isto relativamente houve.
A eliminação da hipótese constitucional da criação de regiões-piloto que todo o país entendeu, desde a primeira à última hora, visar fundamentalmente o Algarve (remotamente Trás-os-Montes) tem claramente a ver com esse paradoxo da política portuguesa. Paradoxo esse que tem invariavelmente levado a que cada um dos dois dois partidos que chega ao poder coloca a meia-haste a bandeira da regionalização, aquela mesma bandeira que também invariavelmente iça ao mais alto do mastro enquanto hiberna na oposição.
É claro que o problema não é o do Algarve não ter um Alberto João Jardim ou um Carlos César; o problema é que o Estado ou a rede que nele decide e delibera politicamente em última instância tem Albertos e Césares a mais, tudo fazendo para não incomodar ou mesmo sequer ferir a sensibilidade dos protótipos da Madeira e dos Açores. E ai de quem incomode e fira!
Ora, era de fazer bem as contas do que a Madeira e os Açores dão, cada um, para o orçamento do Estado e do que dele retiram. E já agora, também umas contas-piloto do que, por exemplo, o Algarve dá para o mesmo orçamento e dele beneficia. Talvez assim se compreendesse melhor o paradoxo do Região Autónoma do Continente, com seus Albertos e seus Césares.
Carlos Albino
- Flagrante discriminação: A dos cultos e religiões, por exemplo, nos boletins municipais, alguns deles verdadeiros boletins confessionais para não dizer pior.
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