Agora nos calabouços do Tribunal Penal Internacional, acusado por crimes de guerra e contra a humanidade, Jean-Pierre Bemba viu assim interrompida a sua paradisíaca vida de há um ano na Quinta do Lago, na moradia de 2,5 milhões de euros que acaba de ser apreendida pela PJ, juntamente com contas bancárias, participações em empresas e aquele Boeing estacionado no aeroporto de Faro. O resto da história é conhecida – as circunstâncias em que ele, Bemba, teve que abandonar o seu país, supostamente para tratamento médico urgente no Algarve, e as circunstâncias que ele, Bemba, acabou por beneficiar de protecção policial especial por receio fundado de atentado contra a sua vida, desconhecendo-se quem transmitiu tais fundamentos e desconhecendo-se também se ele próprio, em função do passado, não estaria a atentar contra outros. No entanto, sabe-se agora que neste ano de acolhimento protegido e já após a detenção em Bruxelas, ele, Bemba, ou por interpostas pessoas, conseguiu transferências de dinheiro através de offshores.
Portanto, tivemos entre nós, um bom rapaz que, independentemente do que fez no passado (o TPI apurará) espalhava o cheiro atractivo do dinheiro a partir do Algarve, independentemente da proveniência dessa fortuna aparentemente colossal (o Congo, algum dia, terá uma palavra a dizer), não se sabendo em que áreas de negócio o «doente» operava, com que parceiros e se tais eventuais parceiros sabiam com quem estavam a lidar.
É certo que Portugal, pelo menos até agora, formalmente escapou-se da pior imagem, prestando sempre uma explicação lógica para este caso-Bemba, mas há que recear, até em função de outros casos, se o Algarve não estará a ganhar a imagem de refúgio para bons rapazes e interpostas pessoas. Por acaso, receio mais as interpostas.
Carlos Albino
- Flagrante insistência: E não há meio do Governo Civil publicar a lista oficial dos cônsules honorários com residência no Algarve ou em cuja jurisdição consular o Algarve está.
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