quinta-feira, 10 de julho de 2008

SMS 270. Uma paz nada agradável

10 Julho 2008

Assim ao sabor do sentimento, digamos que há uma paz nada agradável, politicamente clara. Parece que cada terra, cada uma à sua maneira, está apaziguada ou conformada com o que tem; quem está no poder não sente nem quer pressentir a eventualidade de sismos, políticos, claro; quem está na oposição local também não se mexe muito por aquela regra das favas contadas, e, bem vistas as coisas, não há oposição regional porque também não há poder regional. De resto, estamos em festa, porque começa a haver festas, festivais e festividades por todo o lado, quase todas internacionais mesmo que não saiam da rua dos promotores. E quando há festas, festivais e festividades, quem não se sente em paz mesmo que saiba tratar-se de paz provisória e efémera?

O Algarve político, portanto, até Setembro, ficará confinado às celebridades que venham a banhos, às revistas e suplementos de jornais especializados em «eventos» e apanhados, e, de resto, que Deus ajude aos que, nas pequenas casas de comércio disto e daquilo, ou fazem por estes dois, três meses algum dinheirinho, ou terão muito que penar. E quanto às grandes casas, pouco importará, porque estão aqui como poderiam estar em Marrocos, na Tunísia, na Grécia ou no México, enquanto a imobiliária se compraze numa cumplicidade de interesses que as autarquias também não enjeitam no final da fila de intermediários aos quais também a ocasião dá jeito.

O que por aí se sente, possivelmente não será paz, mas apenas bonança. Precederá alguma tempestade? Oxalá que não. Significará um potencial de pensamento e reflexão? Duvida-se que assim seja ou, melhor dizendo, tudo aponta para que não seja assim. Um escritor norueguês que lá foi há muito mas que prezo, Björnstjerne Björnso, advertia que «em política, a verdade deve esperar o momento em que alguém precisa dela». Possivelmente, a generalidade dos algarvios está à espera da verdade.

Carlos Albino

      Flagrante disfarce: Há agendas autárquicas que há muito deixaram de ser agendas – são adendas de promoção política e, para disfarçar, até põem as missas todas.

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