Nota importante: Este apontamento motivou um esclarecimento por parte do Dr. Teófilo Santiago, aqui citado, e se publica em SMS 199 → AQUI.
22 Fevereiro 2007
Ninguém acredita que Miguel Freitas, como líder do PS/Algarve, ande por aí a fazer caricaturas de Maomé; ou que Mendes Bota, em nome do PSD cá de baixo, tenha gravado um CD blasfemo, muito menos que Macário Correia tenha mandado alterar a letra do hino para versos anti-sarracenos. E não passa pela cabeça de ninguém que o bispo do Algarve tenha canonicamente decretado uma cruzada contra os mouros abortivos da costa. Ninguém também acredita e muito menos se recorda do exército do Algarve, que mal tem fardas e nem limpa-metais tem para o cornetim, ter participado em guerras contra o Islão, como não consta que alguma câmara algarvia se tenha recusado a ceder terrenos para campos de treino de talibãs, além de que é improvável que o governador civil António Pina tenha dado ordem de expulsão aos cônsules honorários de repúblicas islâmicas fundamentalistas ou recambiado para a Mauritânia a mão de obra clandestina que em vez de assentar tijolos andará por aí a cimentar corões nas paredes de cada um.
Apesar deste cenário pacífico, o director nacional adjunto da Polícia Judiciária, Teófilo Santiago, entendeu proclamar que o Algarve «é o alvo preferencial» de um ataque do terrorismo islâmico em Portugal – não «um alvo», mas «o alvo». Fora de brincadeiras, porque já estamos na Quaresma, a proclamação do responsável da Judiciária foi infeliz, inoportuna, desnecessária, imprudente, descabida, inconveniente, despropositada, insensata, imponderada, extravagante, leviana e passível de penitência.
A três meses da presidência portuguesa da UE, sem que haja indício de força maior, motivo aparente ou justificação razoável, obviamente que a proclamação de Teófilo Santiago de que o Algarve «é o alvo preferencial» de um ataque do terrorismo islâmico em Portugal, mesmo que a coisa tivesse ficado entre polícias, leva a perguntar a Miguel Freitas, a Mendes Bota, a Macário Correia, ao bispo do Algarve, aos comandantes das forças militares estacionadas no Algarve, a António Pina e aos 16 desarmados presidentes de câmaras: «O que é que vocês fizeram para que o Ben Laden queira estoirar com o Algarve?»
Carlos Albino
Flagrante contraste: Alexandre Alves e Alexandre Alves.
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