3 Agosto 2006
Aí temos em discussão pública a proposta para um Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve cuja sigla (PROTAL) a maior parte conhece mais do que o conteúdo, sabendo a maior parte também que, independentemente dos resultados, a totalidade do desordenamento consumado fica legitimada. De qualquer forma, talvez para descargo de consciência dos poderes públicos que tentaram a concertação possível para não se estragar mais o que já está definitivamente estragado ficando, no caso, prejudicados os que a tempo não beneficiaram do regabofe, de 14 de Agosto até final de Novembro aí temos a bendita discussão pública no âmbito da qual, todos e cada um tem a oportunidade de julgar ou até de se autoconvencer que vai salvar o mundo. Depois disto, a proposta, que é uma larva, metamorfosear-se-á no plano propriamente dito, o insecto que, aprovado em Conselho de Ministros, ficará apto a pôr de novo ovos dando origem ás futuras e previsíveis larvas em terrenos propícios para a continuação da espécie – o terreno da estrutura regional de valorização e protecção ambiental, o terreno das regras de concretização dos investimentos estruturantes e o terreno da protecção do litoral, para enumerar os terrenos principais de que larvas e insectos tanto gostam.
É claro que este PROTAL não é uma estratégia do Algarve, é apenas uma táctica de Máximo Divisor Comum entre as muitas estratégias que há no Algarve, algumas contraditórias entre si – estratégias da imobiliária, estratégias da hotelaria, estratégias dos ecologistas (que no Algarve aparecem sempre em casamentos do monte), estratégias dos autarcas (alguns dos quais surgem tão rapidamente no poder como águias reais como rapidamente passam a linces na oposição), e, claro, na lista de muitas mais estratégias não faltam as estratégias dos xicos-espertos tanto os que conservam todo o dinheiro junto do coração como aqueles que, directamente ou por interpostas pessoas e empresas, jogam com o dinheiro inimaginável que manobram em paraísos fiscais. Portanto, estratégias há muitas e se o PROTAL multiplicar por setenta a burocracia que já existe - como tudo leva a crer que vai acontecer -, vão ver como a impunidade reinará, sem apelo nem agravo. Não vendam tácticas por estratégias.
Carlos Albino
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