6 Abril 2006
O novo reitor da Universidade do Algarve, João Guerreiro (bom trabalho, amigo!) anunciou intenções e medidas logo no primeiro minuto das suas funções. Para já, foi algum abanão nas consciências instaladas e nas inteligências estaladas quando João Guerreiro disse, alto e bom som, que a ligação da universidade à Sociedade não se faz apenas com contratos, com protocolos. Muito bem, João Guerreiro – contratos e protocolos são naturalmente importantes mas não são tudo, estão longe de ser tudo e mal de uma universidade se invoca contratos e protocolos (com municípios, empresas, estruturas regionais…) fundamentalmente para descargo de consciência. e como meio para relativamente sustentar consciências instaladas e inteligências estaladas.
O papel de uma universidade e de cada universidade é o que considerandos como os de João Guerreiro nos levam a questionar. Não cabe, obviamente, neste modesto apontamento (as SMS são mera tentativa de reposição de um velho género jornalístico que é precisamente o apontamento e não mais do que isso) pois não cabe aqui fazer lição, muito menos dar lição e, claro, ensinar a lição ao padre-cura. Mas cabe aqui, sim, observar, assinalar. Então assinalemos, no que toca a uma Universidade do Algarve que não se quer ficar pelos contratos e pelos protocolos.
E haverá falhas, haverá lacunas na Universidade do Algarve? Até pela definição de universidade, há. – um centro de saber tem que permanentemente identificar as zonas de saber que lhe escapam e onde o saber deve e tem que entrar se pretende uma ligação constante, profícua e facilitadora para coma Sociedade onde se insere e que serve. Por exemplo, na sua tarefa de observatório em que nenhuma outra instituição a pode substituir com total rigor – pode mas não será com todo o rigor. Já o dissemos alguma coisa sobre isto a propósito da triste novela do observatório do turismo. Mas há mais casos, citando-se, sem que se veja nisto puxar a brasa à sardinha, por exemplo a área da Comunicação Social que é uma área-chave e que é uma área onde, ou muitos nos enganamos ou dentro em breve vai acontecer no Algarve o mesmo que na imobiliária sucedeu – iniciativas construídas e pensadas apenas na mira do lucro a qualquer preço, ao serviço do lucro como finalidade última, senão até como braços branqueados de lucros difusos.
A Universidade do Algarve tem nesta área da Comunicação Social uma tarefa-chave na sua ligação à Sociedade e que obviamente não se esgota com contratos, com protocolos. É até uma tarefa obrigatória, pelo que, chamando os nomes às coisas, caberá à Universidade do Algarve erguer um Observatório da Comunicação Social do Algarve não para fazer história dos anos 20 do século passado mas para produzir relatórios anuais para este Século XXI, relatórios que sejam guião crítico da Sociedade e para consulta obrigatória das consciências não instaladas e das inteligências coesas. A «nossa» universidade tem, neste domínio especialistas (bons), peritos (estudiosos e abnegados) e até animadores aguerridos que por serem aguerridos merecem a minha particular estima mesmo quando a animação se vira contra mim. Então, reitor João Guerreiro, requeiro a VEXA a constituição de um Observatório da Comunicação Social do Algarve, feito com a prata da sua casa (que é boa) e que produza relatórios anuais sobre o estado das coisas, doa a quem doer, mas sempre ligando esta área-chave da Sociedade à Universidade. Peço deferimento.
Carlos Albino
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