quinta-feira, 2 de março de 2006

SMS 147. O Algarve Oriental

2 Março 2006



É mau, muito mau para o Algarve e para o País, a desatenção constante para o Algarve Oriental. É evidente que o Orçamento de Estado não pode prestar atenção para todos os lados e ao mesmo tempo, mas a desatenção que vem de há décadas e décadas para a zona algarvia de fronteira com Espanha não serve a ninguém do lado de cá. Refiro-me naturalmente a Vila Real de Santo António e a toda a área onde o Guadiana assume esplendor próprio para se encontrar com o mar. Desta desatenção, os algarvios têm sido muito responsáveis, sobretudo os algarvios que vivem obcecados pelos centros de poder, pela sua própria e egocêntrica afirmação nesses centros de poder, e pelo «comércio» político que fazem com os decisores nacionais exclusivamente em função dos alegados centros de poder em que é suposto terem mão no Algarve, os quais, diga-se, pouco ou nenhum poder têm, nem sequer o poder de influência.

Ora falta para o Algarve Oriental uma ideia de arrojo que renda Espanha e os Espanhóis, como de resto os Espanhóis estão a fazer por toda a linha de fronteira com Portugal sem resposta nossa, sem um adianto original. Falta neste Algarve Oriental uma ideia algarvia e não apenas autárquica que atraia, um plano de afirmação do Sul e não apenas de capricho voluntarista, um projecto salvador deste castelo de cartas em que o Algarve se converteu, à mercê de ventos e marés. Falta sobretudo que o Algarve seja politicamente afirmado como sendo Vila Real, Faro e Portimão e não apenas Faro, Portimão e Faro. O Guadiana é um valor estratégico incomparável no contexto algarvio e devia ser por isso um polo de referência. Não é, por irresponsabilidade de alguns algarvios detentores dos centros de poder mas que cantam na sé de Viena como eunucos, e sobretudo por erro de sucessivos governos onde os algarvios ou não têm voz ou até têm vergonha da voz que têm.

Carlos Albino

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