26 Maio 2005
Foi em Novembro de 2003 (como o tempo passa…) que aqui se pediu ao Presidente Jorge Sampaio para fazer uma Presidência Aberta no pobre Algarve, no Algarve dos pobres, no Algarve da pobreza que é a maior parte do Algarve. Pediu-se que o Presidente percorresse a Serra e o Barrocal, que ouvisse os agricultores, os autarcas do interior, que fosse a Alcoutim, que falasse com os de São Brás, os de Loulé, os de Silves e os de Monchique, que se confrontasse com o paradoxo de uma Região que é tida por rica mas que tem as zonas mais pobres do país, que alertasse para a dramática ruptura cultural, para o grave problema de comunicação que atravessa e fere a sociedade algarvia. O Presidente Sampaio nada fez e agora com eleições, referendos e com um pé de saída, já é tarde para o fazer. Foi ao Minho tratar de descentralização, andou nove dias na Guarda, percorreu a Beira Baixa a propósito de educação, esteve em Évora, andou por todo o lado e, há pouco, até circulou por estradas e auto-estradas por causa da sinistralidade rodoviária. Para o Algarve, nem uma Presidência Aberta decente e sem encenações, nem sequer um 10 Junho, um diazinho de Portugal que recolocasse a dignidade de Sagres traída. Por tanta azáfama presidencial, Sampaio esqueceu o pobre Algarve onde acabou por vir apenas episodicamente e, mais recentemente, por umas tacadas de golfe pelo que, depois de condecorar Palmer com a comenda do mérito, abalou. Na verdade, Sampaio e os governos têm tratado o Algarve à tacada e ficam muito contentes se acertam com os seus méritos nos buracos – como se essa fosse a sua função, a função do Presidente e a função dos governos. Sampaio, assim não. Mas já é tarde.
Carlos Albino
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