Para uns tantos há licenciados a mais, para outros há licenciados a menos. Quem tem razão? Estamos ainda numa era de grande ajuste na área do ensino, do que significa pescar um diploma e do que cada diploma traduz em matéria de aprendizagem. Há diplomados que nada aprenderam e outros que muito ficaram a saber, há diplomas dados com ligeireza por benefício, outros por coisa equivalente a esmola de prestígio social, outros ainda sem dúvida conquistados à unha e por mérito. Há de tudo, designadamente nos cursos verbalistas onde os conhecimentos não são testados por incontornáveis provas técnicas ou de laboratório. E como os cursos verbalistas não envolvem grande dispêndio para as escolas superiores ou universitárias, o facilitismo, vai já para décadas, transformou-se em instituição nacional, com a obtenção de diplomas a servir grandemente para ascensões hierárquicas que nada têm a ver com conhecimento e aprendizagem. Mau serviço essas escolas sem rigoroso escrutínio têm prestado, ou que prestaram, no caso das que encerraram portas.
E o que se diz dos
licenciados, aplica-se aos mestres e doutores. Há os que são a prova de que
há milagres, e há muitos milagres com os milagrosos muito bem colocados pelas
intervenções divinas do poder, havendo também aqueles que, apesar dos seus
efetivos e comprovados conhecimentos, não conseguem um adequado emprego que
lhes dê para pagar o bife.
Daí que nas escolas
onde a juventude deve ser preparada para a vida, que nas repartições municipais
ou do Estado onde o cidadão tem o direito de encontrar gente com noção do
serviço público, e que nos locais de reunião onde a Sociedade não pode aldrabar
nos valores da Cultura, da Ciência e da Civilidade que segue, encontremos
licenciados e licenciosos, numa mistura em que é difícil fazer a separação
entre aqueles cujo título académico corresponde a sabedoria e aqueles cujo
título nem lhes dá para saber redigir uma carta, fazer um traço ou ter mais
olhinho que não seja para o pequeno negócio, a pequena conveniência, o pequeno
umbigo.
Não havendo e não
podendo haver estatísticas nesta matéria, não é difícil perceber que, pelo
que se constata no dia a dia, há uma generalizada perceção de que há
licenciosos a mais e licenciados a menos…
Carlos Albino
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Flagrante campeão: É oportuno não esquecer que Marcelo Rebelo de Sousa foi o grande campeão da campanha contra a regionalização e a favor de um municipalismo que tal como está, onde devia haver Região, se revela exacerbado. Em vez de cinco Regiões com cinco parlamentos regionais, temos por isso 278 regiõzinhas com 278 parlamentozitos. O centralismo português foi sempre um napoleónico artista no dividir para reinar.
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