quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

SMS 644. Leão Penedo

Leão Penedo 1916-1976
10 dezembro 2015

Em 2016 é o centenário do nascimento de Leão Penedo (13 de agosto de 1916, em Faro). Para além dos poucos moradores da rua que tem o seu nome, nas costas do Hospital Distrital, Leão Penedo pouco ou nada diz para a generalidade das pessoas. Aliás, o Algarve quase só se lembra dos seus para nomes de ruas e mesmo para isso é preciso terem morrido há muito, porque os mortos recentes ainda fazem sombra aos vivos à espera de ruas. Pior ainda, dá-se nomes porque tem que se dar nomes às ruas para não se cair na vergonha de dar a uma rua o nome de Rua do Continente e a outra o de Rua do Pingo Doce, pelo que os nomes que se dão obedecem a uma escala que começa na celebridade possível, havendo poucas celebridades, e acaba na nulidade, das muitas que são a fartura. Não é o caso de Leão Penedo de que Faro se devia lembrar, e nessa lembrança, não tanto para encómios póstumos mas para pretexto de reflexão diversa e recapitulação do obra, da literatura ao cinema que foram as principais ruas de Leão Penedo.

Na verdade, Leão Penedo foi um dos mais destacados escritores da corrente neo-realista portuguesa e um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Escritores. Desligado da atividade literária em 1961 na sequência de um derrame cerebral, faleceu em janeiro de 1976, deixando obra escassa mas notável - Multidão (1942), Caminhada (1944), Circo (1946), A Raiz e o Vento (1954). Do seu romance Circo, fez a adaptação para o já clássico filme Saltimbancos (1951), de Manuel Guimarães, vindo depois a colaborar com Rogério de Freitas no argumento de Sonhar É Fácil, e ainda a assinar o argumento e diálogos do filme Dom Roberto, de José Ernesto de Sousa.

A sua atração pelo jornalismo, cedo se fez notar: aos 13 anos, sendo aluno do Liceu de Faro, publicou um jornal de quatro páginas de que saiu apenas um número… Depois, por aí inundou os semanários regionais com textos seus, e, chegado a Lisboa, aos 19 anos, fundou uma revista de estudantes, Mocidade Académica. Andou por redações de referência na época, designadamente a Vida Mundial, mas a literatura e o cinema foram as as suas ruas.

Faro, se fosse ainda Ossónoba recordar-se-ia de Leão Penedo em 2016. Penso que bastaria chamar pela Univerdade e esta acorreria.

Carlos Albino
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Flagrantes gastos: Muito do que por aí se gasta em autarquias, a pretexto de “cultura” mas que não passa de “cóltura”, são gastos perdulários e sem resultados dignos. Muito dinheiro perdido – sabe-se de onde vem, desconhece-se para onde vai.

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