quinta-feira, 9 de julho de 2015

SMS 622. Grande animação

9 julho 2015

Temos que nos render. Não há motivo para que o Algarve não seja apenas palco de elogios. Para os municípios, com suas câmaras e assembleias, elogios obrigatórios em tudo e todos os dias; para as freguesias de lés a lés, sem exceção, elogios; para as empresas municipais, elogios; para as associações sejam elas populares, impopulares ou mesmo só para pular, elogios; para as escolas, elogios; para as entidades ditas regionais, sejam direções, delegações ou entidades, elogios; para os deputados que tivemos e havemos de ter, elogios. Atingido este ano de 2015, este mês de julho e esta semana que vai do dia 6 ao dia 12, elogios para este Algarve e quem não for apenas e absolutamente elogioso, não dizemos que deva ser banido porque estamos numa sociedade livre, mas pelo menos deve-se-lhe dizer discretamente que não é merecedor da partilha do elogio geral construído, como se sabe, pelos impostos para uns tais efeitos e pelos votos para outros efeitos separados. Há asneirada? As asneiras passam com elogio, de preferência em abstrato. Há golpaças? Caso sejam bem feitas, os elogios recobrem o golpe já de si elogiável. Há o dito por dito? Diga-se que isso é nobreza de espírito que obriga aos elogios. Ignorantes daqui, néscios dali, ignaros dacolá que nunca se enganam e incultos que raramente têm dúvidas, pois, no tempo que passa, o momento do elogio ainda que este não passe de um ato de exceção sediciosa contra elogiados de outra espécie mas do mesmo género. Não há decreto que obrigue, não há postura municipal que imponha, mas o elogio é lei a cumprir. Elogio, elogio, elogio.

E quando numa terra apenas há matéria, pessoas e eventos para elogiar, pouco mais pode ser dito como pouco elogioso mas sem ofensa, que os passarinhos dessa terra, coitadinhos, fazem os seus ninhos com mil cuidados; arrancam as penas para aquecer os filhinhos nos beirais dos telhados, coitadinhos dos passarinhos, tão lindos são, que fazem esta grande animação.

Carlos Albino
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Flagrante confusão: Entre imigrantes e residentes estrangeiros.

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