quinta-feira, 4 de junho de 2015

SMS 617Listas para as Legislativas

 junho 2015

Ninguém espera ou exigirá que, na premência do calendário para as legislativas, cada partido abra o seu jogo ao público em geral, porque é já uma tradição (má tradição…) que o jogo irreversivelmente caia do céu como facto consumado, ainda que as listas estejam longe de ser dádivas divinas. Com a abstenção, o desinteresse, se não até o achincalhamento do “sistema”, a isso se responde lamentavelmente. E dentro das fronteiras de cada partido acontece o mesmo, com os militantes a afastarem-se emagrecendo os ficheiros reais, a distanciarem-se com a participação a ganhar diabetes tipo II, e a colocarem-se por auto-defesa numa posição de reserva, ou seja atrás do biombo.

Para a eleição de deputados que aí se aproxima, pela primeira vez de forma incontornável, o assunto, além da escolha de nomes, é também o da escolha de homens e mulheres para os lugares chamados “elegíveis”. E se, quanto a homens não há muito por onde escolher pelos padrões da excelência que a representatividade aconselha e exige, quanto a mulheres, o assunto é mais difícil não porque as mulheres não existam e até bastantes a corresponderem aos padrões, mas porque os partidos pouco ou nada fizeram para as colocarem no cenário da afirmação pública, como actrizes políticas de confiança. Uma ou outra foi aparecendo mas como figuras secundárias, peças de decoração e ajudas contidas para a movimentação do palco.

Pela doutrina dos factos, no caso do Algarve, o PCP na sua coligação tradicional, o Bloco e cada um cada um dos novos partidos que pela primeira vez se apresentam, a escolha de mulheres e homens está facilitada: podem escolher seja quem for, mesmo desconhecidos e desconhecidas, que a chancela é suficiente e não altera resultados expectáveis. Já nos casos do PSD e do PS, o assunto é diferente: seja quem for, homem ou mulher que entre para os lugares “elegíveis”, esse ou essa fica desde a primeira hora da escolha, submetida ao escrutínio do lume lento do boletim pré-eleitoral… E será um risco dizer ou pensar em voz alta que o assunto é pior para o PS que para o PSD – este, em função do seu eleitorado, até pode falhar e ninguém dará por isso, aquele não. Se falhar ou cometer erros de casting, todos, de fora e de dentro, lhe cairão em cima.

Quanto às mulheres elegíveis, algumas cometeram já erros insanáveis, sobretudo as que afirmaram os seus nomes quase exclusivamente por via do chamado aparelhismo. Ostracizadas, penalizadas no curriculum pelas convulsões internas, ou não tendo beneficiado do exercício funcional e visível da política (o carisma é coisa que tem prazo, como nos iogurtes…), algumas andaram todos estes anos de braços cruzados, sem discurso, sem trabalho no terreno e perdendo até excelentes oportunidades de dizerem ao eleitorado – “Aqui estou, penso assim, tenho uma ideia, um projeto, um plano, e digo isto com a minha voz, com a minha sensibilidade, para que me reconheçam, independentemente do timbre, da escala e do tom”. Assim sendo, o PS, mais do que o PSD, quanto a mulheres (cremos que escassos dois lugares) o PS apenas tem uma escapatória: escolher alguém pela competência comprovada, e mais alguém pela efetiva juventude sobreposta a reconhecida habilitação que justifique a aposta, e não pela adolescência tardia que é o espelho da senilidade precoce que afeta muita carreira tida como madura.

Quanto aos homens elegíveis, um caso mais bicudo para o PSD do que para o PS, fica para a semana, a SMS 618, longa vida já.

Carlos Albino
_______________
Flagrante abundância: Tertúlias… Só que tertúlia não é nem deve ser uma mini-conferência. Com mini-conferências viveremos acima das nossas possibilidades.

Sem comentários: