Há uma
guerra que o Algarve trava vai para
meio século – a guerra da sustentabilidade. Ouvimos e lemos as advertências de
Gomes Guerreiro sobre esse caso, ouvimos muito discurso no Parlamento embora,
na maioria dos casos, sem grande convicção dos oradores e também sem grandes
consequências, e também ouvimos e continuamos a ouvir decisores regionais a
falar da sustentabilidade, com maior acento nas fases em que haja dinheiro ou
perspetiva de dinheiro para distribuir ou para lotear em função de simpatias. Também
nas promessas eleitorais e nos programas redigidos para captar o voto, o
adjetivo sustentável tem sido e é
amplamente usado como arma que define o atirador. É de admitir que muita gente
até fala de sustentabilidade sem saber o que isso implica, significa e exige,
de tal maneira que aquilo que é manifestamente insustentável, por exemplo no
turismo e atividades conexas, é apresentado como contributo para a
sustentabilidade… Raramente se fala e discorre com seriedade e fundamento sobre
essa guerra que há muito devia estar ganha mas não está, e longe está, muito
longe está de ser ganha. Alguns teimosos não vão atrás dos mais pessimistas,
mas cada vez custa menos admitir que essa guerra está perdida.
Daí que,
para alimentar algum otimismo, se
deva atribuir elevada importância ao documento elaborado pela Ordem dos
Economistas/Algarve - “Linhas Orientadoras de Um Modelo Económico Regional”.
Linhas que devem ser lidas nomeadamente nas entrelinhas, onde se descobrem as
mesmas advertências feitas há décadas por Gomes Guerreiro e por uns tantos
rezingões que, desinteressadamente da política e dos lóbis das negociatas
circunstanciais, amiúde chamaram a atenção para a falta de sustentabilidade e
para as consequências nefastas para o Algarve que dessa falta adviriam. Mas,
para além do diagnóstico e da posologia que a Ordem dos Economistas/Algarve
colocou sustentavelmente nas mãos de quem queira pensar, houve duas breves
intervenções na apresentação desse documento que deveriam constar em dois
outdoors, um à entrada e outro à saída do Algarve – as intervenções de
Francisco Murteira Nabo e de Paulo Neves. Mais ou menos, Murteira Nabo
referiu-se à tragédia que será para o Algarve a falta de uma “estratégia
conceptual”, e também mais ou menos, Paulo Neves lançou um alerta que apenas se
pode e deve colocar em letra de forma, na presença dos responsáveis pelo
turismo e decisores conexos do Algarve. Alguns destes, parece que ainda não
entenderam uma guerra de há 50 anos.
Carlos Albino
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Flagrante atalho: Em vez de se andar às curvas, porque é que não vão diretamente à questão, criando a nova Província do Sul com dois distritos (Évora e Beja) e um balcão de vendas, outrora o distrito de Faro?
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