Os seus
dedos são de oiro fino, a sua
música faz da península uma guitarra de prata, o sentimento que expressa, faz
de Portugal, ao mesmo tempo, uma lembrança e uma premonição de bronze. É Pedro
Jóia que, neste sábado, sobe ao palco do Cine-Teatro Louletano. E já lá vão
vinte anos que estes mesmos dedos de oiro fino, guitarra de prata e sonho ou
pesadelo de bronze, se estrearam numa apresentação pública perante aquilo que
então era e se podia dizer “o estado-maior” dos jornalistas profissionais do ou
no Algarve. Tudo aconteceu numa boa sala de Vilamoura. Ninguém tinha ouvido
falar de Pedro Jóia e alguém que sabia que ali estava oiro, prata e bronze
ousou dizer mais ou menos estas palavras: “E
agora, terminado o debate, caros colegas, uma surpresa – vamos ouvir um jovem
que daqui a dez, vinte anos, será oiro da música portuguesa, prata dos nossos
sentimentos e bronze na larga praça da nossa convivência. Pedro Jóia, toque!”
Assim fez e encantou.
Passados
vinte anos, regressa ao concelho de
Loulé sem serem necessárias mais provas de que a profecia se realizou. Ele tem
o condão de agarrar na guitarra como se um deus fugitivo a agarrar num pequeno
asteróide, e o som que dali sai desafia os astros, a alma que dali emana atinge
a proporção de constelações, o milagre que produz é daqueles que só a Música
pode concretizar e faz com que qualquer ser humano, do mais bruto ao mais culto,
sinta a prova definitiva de que o espírito existe e que o “estado de espírito”
não deveria durar apenas um instante.
Jóia não
corresponde à última palavra do seu nome. No início dos anos noventa, quando o ainda aluno de Belas Artes teve
de criar o seu nome artístico, o então jovem guitarrista foi buscar essa
palavra intermédia do seu nome pedindo desculpa ao último. Felizmente que o
fez. Jóia transformar-se-ia ao longo dos anos seguintes, no símbolo do seu
trabalho artístico. Andou pelas cidades, concertos, discos... Mas os anos
noventa foram ontem. Curiosamente, pode ler-se agora, nas suas biografias,
referência à sua longa carreira. Já longa carreira? Parece ter sido
ontem que Pedro Jóia teimou em ser artista da Música e não das Artes Visuais.
Só que pouco importa o tempo. Falemos antes do lugar. É que, já agora, talvez
seja bom recordar que Pedro Jóia estreou-se para o grande público, no Algarve,
mais concretamente, em Loulé. Ainda bem que o tempo passou e que os crédulos no
seu virtuosismo não se enganaram.
Carlos Albino
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Flagrante contributo para pôr fim à desordem: A Ordem dos Economistas/Algarve, apresentou ontem (dia 20) a sua proposta de Linhas Orientadoras do Modelo Económico Regional do Algarve, e assinou um protocolo de cooperação com a Faculdade de Economia da Universidade do Algarve. As associações públicas, no caso a Ordem dos Economistas, têm um indeclinável compromisso com a sociedade e não apenas a defesa de interesses corporativos legítimos, e é por isso que o Estado lhes delega funções próprias. A Ordem dos Economistas deu um bom pontapé de saída. E um bom exemplo a ser seguido por mais Ordens.
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