1. Ao longo de todo o território do Algarve, os factos multiplicam-se, todos diferentes, muitos com semelhanças. Peguemos num caso concreto.
2. Um casal de meia-idade
vende os bens que tem na Alemanha para investir em pleno Barrocal do Algarve.
Compram uma ruína, estudam-na, refazem-na, plantam árvores, criam jardim, rasgam
umas piscina, criam um recanto de onde se vê o mar, mobilam com cuidado,
pensando na visita dos amigos no tempo do Verão, e na visita dos filhos durante
o Inverno. Sossego merecido? Não, de modo nenhum. Ao longo desse tempo, a casa
foi assaltada uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete vezes. À oitava, o
casal não se move. Desiste. A polícia tarda, passa à tardinha para cumprimentar. Que
pena! Porque não fizeram queixa? Não, não fizeram. Já fizeram uma, duas, três,
quatro, cinco, seis, sete queixas. De cada vez, quatro horas, dezenas de
assinaturas, tudo para nada. Ao oitavo assalto, nem marido nem mulher conseguem dormir em paz, viver com um mínimo de segurança. Então, sim, começam a arrumar
a vida, pensam em abandonar a casa, a piscina, o jardim, as árvores, o Algarve. Passem bem, meus senhores!
3. O Algarve fez
bem em acolher o melhor possível os estrangeiros que também fizeram bem em
escolher o Algarve como prémio de vida. Cada um desses estrangeiros que aqui se
radicaram, que falam e lêem português como pátria de adopção, e muitos dos
quais até se tornaram eleitores e participantes ativos na sociedade, são sem
dúvida os grandes promotores da chamada “marca Algarve”. Caso se sintam bem e o
acolhimento não passe de palavras e promessas, escrevem ou telefonam para os
mais diversos sítios da Europa dizendo que se sentem bem e que o acolhimento,
nesta região, não é uma palavra em vão. Mas com oito assaltos, sem sentirem a
proximidade da guarda, sem que esta crie redes de segurança adequadas, mantendo os postos transformados em escritórios de queixas, quem se sente bem e
quem se sente bem acolhido? Vão ser gastos cinco milhões na promoção da “marca
Algarve” mas é impressionante que nem um cêntimo se destine para os principais
promotores dessa marca, que infelizmente é uma marca de insegurança e uma marca
de desmazelo no acolhimento. Será a “marca Algarve” apenas um expediente para
encher o mealheiro, de alguns, diga-se?
4. Meus senhores,
se não querem que o Algarve se transforme num subúrbio dividido entre
assaltantes e assaltados, façam alguma coisa. A política promete, em ano de
eleições, que vai ser diferente. A política esquece no ano seguinte o que
prometeu. Cuidado! Já começou o ano seguinte.
Carlos Albino
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Flagrante boa lembrança: A do centenário da pianista Maria Campina, lembrança de Loulé. Oxalá o piano, que era a sua alma, seja o ponto central.
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