Nos debates,
comentários e oratórias dos últimos tempos, o assunto vai sempre bater no
mesmo: uma ideia para Portugal para os concordantes, e a ausência dessa ideia
para os discordantes. Só que os primeiros ou não dizem bem qual a ideia que têm,
ou a mudam de circunstância em circunstância e conforme as conveniências que
nada têm a ver com a ideia que na véspera diziam ter. E os segundos param,
gripam e encolhem-se precisamente no momento em que era de esperar a apresentação
de uma ideia para resolver a ausência de ideia.
Ora ter uma ideia
para Portugal pressupõe que se diga com clareza, e em conjunto, qual a
finalidade a atingir, quais os meios a usar, qual a capacidade para movimentar
os meios disponíveis, e quais os valores que baseiam essa operação.
Apresentar-se a finalidade sem explicitar meios, e capacidade, é um embuste.
Apresentar-se meios omitindo ou dissimulando a finalidade é um dolo.
Apresentar-se capacidade, mudando a finalidade como quem muda de camisa, e mudando
meios por astúcia como quem vende conquilhas, é fraude, para não dizer má-fé. E
sem valores é a lei da selva.
Não basta clamar-se
pela competitividade e produtividade do País para haver uma ideia para
Portugal. Essa é apenas uma finalidade, entre outras, que ninguém ousará
contrariar e que é comum a concordantes e discordantes. A questão está
sobretudo nos meios, na capacidade e nos valores.
Ideias para Portugal,
todos as têm, do eleitor do sítio mais recôndito ao eleito para mexer na
matéria de soberania. Todos têm uma ideia para Portugal, como têm uma ideia
para o concelho, para a freguesia, para a casa. Não é preciso esperar por algum iluminado ou
salvador. Todos os eleitos são iluminados e não há eleitor que não seja
salvador. O problema está no dolo, na astúcia enganosa, na fraude, na má-fé e
na selva.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante tristeza: Todos os anos, no Dia de Reis, o júri decide sobre o prémio SMS de Jornalismo. No Algarve, é uma tristeza. Não há prémio para 2013.
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