O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, não veio ao Algarve
garantir a requalificação da 125 desta ou daquela maneira, agora já ou daqui a
instantes, nem veio a Faro prometer a correção da miserável linha ferroviária
com estações onde deveriam estar, conservando-se exatamente como nos tempos em
que era alternativa ao carro de burro. Mas foi a Viseu prometer a auto-estrada
para Coimbra e, embora mais tarde mas nesta legislatura, a linha de comboio
para a mesma cidade. Na sala, entre os que ouviam o ministro, estava o
presidente da assembleia municipal de Viseu, Almeida Henriques de seu nome, e
que por mero mas indisfarçável acaso, muito mero acaso, é também o secretário
de Estado Adjunto da Economia e do Desenvolvimento Regional, trabalhando pois
ao lado do ministro e com as delegações deste, pelo que aquilo que estava a
ouvir não seria assim uma grande novidade. O lobby de Viseu estava ali sem
qualquer disfarce, numa reunião partidária, com certeza, mas o que foi dito foi
para Viseu ouvir, tomar conhecimentoe ganhar alento.
Naturalmente que só é de saudar Viseu pelo que consegue tal como é
de saudar o Oeste (Leiria, Caldas) pelo que também conseguiu e vai conseguindo,
o Algarve não deve invejar nem tem que invejar, mas é lícito que se interrogue
sobre o poder dos lobhbies e sobre como as decisões políticas de exceção são
feitas na sequência de lobbying, que é coisa que o Algarve não faz e que desde
sempre não tem tido capacidade de fazer, por dois motivos. Primeiro motivo, é
que quem poderia fazer lobbying (deputados influentes ou alguns raros admitidos
em governos) cuidam mas é das suas vidinhas, até evitam assumir-se como
algarvios a não ser cá em baixo para provocar uns circunstanciais aplausos dos
provincianos e uns títulos na imprensa regional, como sempre acrítica e
reverente. Segundo motivo, é que para haver lobbying por quem o possa fazer, a
região tem que ter força moral como região, força política endossada pelas
instituições que possua e sobretudo poder económico e financeiro. Nada disto o
Algarve desgraçadamente tem porque não são uns verbos de encher que conferem
tal força – a força moral da região nem chega ao Caldeirão com medo da
travessia, a força política termina nestas direções regionais que na sua maior
parte são sinecuras ou manifestos exemplares de gente que engoliu garfos - tem havido
exceções mas porque são precisamente exceções, os governos também se têm
encarregado de apear tais incomodidades. E quanto a força económica e
financeira, ela está toda, na sua parte útil e operativa, fora da região – aqui
nem molha os pés.
O Algarve fica para trás, neste jogo de lobbying que não é nada
bonito, aliás é mesmo muito feio no pino desta crise sem precedentes.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante impreparação: Há ministros deste governo, decisivos nos dinheiros, que desconhecem que cidades algarvias aparecem nas estatísticas com escassos milhares de habitantes mas que, por três a quatro meses, são literalmente ocupadas e usadas por centenas de milhares… E cortam como se tais cidades estivessem no deserto. Ou vieram do outro mundo, ou não passam de uns caloiros da governação.
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