quinta-feira, 28 de abril de 2011

SMS 409. Os partidos decidiram, vejamos…

28 abril 2011

Boas ou más, as listas de candidatos estão feitas e de entre elas estão em evidência aqueles que, pelos cálculos, esperam rumar a S. Bento para o que já se tornou em hábito dizer: vão defender os legítimos interesses do Algarve, vão ser a voz do eleitorado de cá do Sul ou de lá do Sul (conforme o sítio do palanque do discurso) e vão escrutinar a Administração em nome das populações administradas. Em suma, como sempre antes de cada eleição legislativa, espera o eleitor na sua boa-fé e promete o candidato a troco do voto, que o cardápio de legítimos interesses da região não fique sacrificado, que a voz se afirme em alto e bom som, e que o escrutínio se exerça credível, eficaz e corajoso. Seja quem for, esteja o eleitor a favor de A, de B ou de C, ele quer isso e só entenderá eleições para isso, apesar da história passada não ter sido abonatória, regra geral pouco estimulante e quase sempre madrasta, porquanto o carreirismo político, por vezes tão só carreirismo partidário, troca as vazas nos jogos de poder jamais suficientemente explicados.

Estou em crer que os partidos apresentam os seus melhores, só por masoquismo o não fariam, embora as principais forças em confronto saibam que um bom número de votos não irá depender das figuras que vão dar a cara na região pelos seus partidos, mas, sim, vão depender dos protagonistas nacionais que almejam a principal cadeira do poder central. Por mais que se diga e repita que as eleições são de listas por círculo e que os votos vão em primeira linha para os candidatos de cada círculo, na prática funcionam como se houvesse apenas um círculo nacional, com um protagonista de topo, enfim, o protagonista que em boa verdade será primeiro-ministro mas que sairá sufragado por alguma lista de círculo dos confins, no caso das eleições de junho, como toda a gente sabe, dos círculos de Castelo Branco ou de Vila Real. Muitos votos, daqui e dali, vão ser dados em função deste desfoque, subalternizando-se as listas regionais que teoricamente são as que estão em causa, e recolhendo-se portanto as listas regionais, com o seu melhor e o seu pior, sob esse manto protetor do protagonista dos confins. E contra isto, batatas, nada há a fazer contra a doutrina dos factos

Todavia, muitos outros votos vão ser depositados nas urnas, exclusivamente em função dos candidatos cá da terra. Ou porque se acredita neles pessoalmente à parte as ideias que carreiam por disciplina partidária ou porque, na linguagem eleitoral corrente, não se quer engolir sapos. E, desta vez, também não serão poucos os eleitores que se confrontam, em sério conflito de consciência, entre o votar mal com os cá da terra por amor do protagonista nacional, e mal com o protagonista por amor com os da terra. Há ou haverá de tudo, mas desta vez o eleitorado algarvio vai ter que dizer claramente o que quer, não havendo margem para explicações de alguma grande distração. Mas a democracia política não é isto? É, desde que, no minuto em que deposita o voto, o eleitor seja soberano e disso tenha consciência. Depois, não se queixe.

Carlos Albino
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    Flagrante silêncio: Até às eleições já nada mais diremos aqui sobre candidatos e campanhas de cada partido no Algarve. Depois disso avaliaremos a chamada “sabedoria do eleitor”. Que a tem. É de maior e vacinado.

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