quinta-feira, 21 de abril de 2011

SMS 408. Deputados que foram…

21 abril 2011

O labor dos deputados avalia-se fundamentalmente por quatro parâmetros: iniciativas, requerimentos, perguntas e intervenções. O resto será normal serviço de agenda, decorrências do valor e prestígio pessoal, por vezes turismo político mais ou menos justificado, ou ainda foguetes deitados ao ar independentemente de quem apanha as canas. E durante uma legislatura, para o balanço da atividade política que cada um dos deputados possa fazer perante os que diretamente os elegeram, contam obviamente mais as iniciativas próprias, os requerimentos sobretudo ao governo que tenham relação direta e útil com os anseios das populações que representam, as perguntas que não tenham apenas verbos de encher e as intervenções que tenham impacto nos centros de decisão e que, portanto, não sejam só para inglês ver e meros pretextos para a imprensa os citarem, de preferência para eles com fotografia, quanto maior melhor. Já não interessará tanto o que fizeram por arrastamento de outros e em matérias que nada tenham a ver com a região, o que subscreveram apenas para fazer número, o que manifestaram, enfim, por calculadas solidariedades partidárias e jogos espúrios de poder ou contra-poder. Acaba a legislatura, os deputados já não podem fazer o tempo voltar para trás – o que fizeram está feito e o que não fizeram já não pode ser compensado.

No site oficial da Assembleia da República, está lá toda a atividade dos deputados eleitos pelos algarvios desde 15 de outubro de 2009, os seus registos de interesses, em suma, o mapa psicológico e político de cada um deles, e também o seu valor, a bitola de afirmação nas bancadas a que pertencem. Nada disto pode ser iludido por crónicas de jornal ou rebuçados atirados da televisão como os foliões fazem nos corsos de carnaval. A atividade do deputado é no parlamento e é indecoroso que insistam ou tentem disfarçar a eventual lassidão parlamentar ou a submissão a diretivas que ponham em crise as legítimas expetativas do eleitorado, com fogacho e basófia que assim será se não corresponder ao trabalho deixado em S. Bento.

E vendo bem o que consta, o panorama do trabalho feito pelos oito deputados saídos cá do círculo desde outubro de 2009 até à data da dissolução do parlamento é geralmente pobre. As incitativas próprias são de modo geral de horizonte limitado; os requerimentos, também de modo geral, ou são reverenciais ou de lógica perversa; as perguntas são genericamente talhadas para não merecerem resposta ou ganharem resposta do género de chover no molhado, e quanto às intervenções, ou são mera retórica ou pura e simplesmente são acríticas e, quando não parecem isso, são medrosas. Lamentavelmente, apenas um dos deputados pode apresentar um balanço digno de ser apreciado, discorde-se ou concorde-se com o seu conteúdo e objetivos – José Mendes Bota.

Na generalidade, os deputados que de cá saíram, saíram pelo Algarve mas também poderiam ser apenas deputados de Porto de Mós ou do Alandroal. Os novatos estão perdoados porque são novatos, mas os principais não. E foi pena.

Carlos Albino
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    Flagrante palpite: Como já é tradicional, o palpite com todo o direito ao erro, agora que são 9: 4 para o PSD, 3 para o PS, 1 para o BE e 1 para o PCP. E se não forem 3 para o PS mas apenas 2, será 1 para o CDS que no Algarve beneficia sempre dos erros de paralaxe. Não é Bacelar Gouveia, saudoso?

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