quinta-feira, 1 de abril de 2010

SMS 356. Avestruzes


1 abril 2010

Anda por aí muita avestruz. Vêem o desemprego que no Algarve é do pior que o país apresenta, e não só enterram a cabeça na areia como querem que os outros à viva força imitem as avestruzes, não sendo nem querendo ser bichos que tais. Vêem a insegurança com o aumento da criminalidade a fazer notícia diária em cada terra, mas, com a cabeça metida lá bem para o fundo da cova de conveniência, argumentam com as estatísticas do ano passado para este ano ou com as comparações de queixas no período homólogo como se as pessoas acreditassem ou tivesse que acreditar nessa palraria artificial. Vêem o turismo a cair em quantidade e em qualidade com perda de mercados, mas adiam formular o problema e encontrar solução, com promessas de mirabolantes promoções supostamente salvadoras e com anúncios de mercados alternativos que não passam de miragens. Vêem a agricultura como está, e ainda falam do golfe como o ouro que se pode encontrar em toda a região. Vêem as pescas como estão, mas disso pouco mais conhecem ou querem conhecer que a peixaria bem provida da grande superfície ali ao lado. Vêem o grosso das escolas secundárias a primarizar-se e o que há de universidades a secundarizar-se, mas vão de vento em popa como se fossem elites do pensamento em veraneio e sem que uma única vez na vida se incomodem com o facto do Algarve não ter um escol digno deste nome e digno dessa função. Vêem que o Algarve não beneficia de uma estratégia cultural traçada com princípio, meio e fim, mas o que lhes importa é que o Olhanense se mantenha, o Portimonense suba e o Teatro das Figuras se encha com a misericórdia de deus, até porque o Dia de Portugal já vai ser em Faro. Com tanta avestruz, como é que neste areal não volta a ter êxito apenas quem seja acrítico e os idealistas não passem de uns fracassados?

Carlos Albino

    Flagrante pedido: Temos em mão um livro inédito com 837 quadras em que “alpista” rima com “sacrista” e “manta” com “sacripanta”... Qual é o município que quer apoiar a edição desta manifesta e genuína cultura popular?

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