15 abril 2010
Com toda a franqueza, esperava-se que, desta vez, alguém do poder autárquico Algarve fosse nomeado para integrar a delegação portuguesa ao Congresso dos Poderes Locais e Regionais do Conselho da Europa. E se não fosse como membro efetivo, pelo menos como suplente. Mas nada disso aconteceu, pelo que na última sessão plenária em Estrasburgo (17 a 19 de março) por entre os 14 elementos da delegação portuguesa, do Algarve, nada. Como há muito tempo acontece, o que de resto vem na lógica de se te substituído a antiga expressão de Portugal continental e ilhas adjacentes pela de Portugal lá de cima e regiões adjacentes, com o Caldeirão-Monchique a definir o que está em cima e o que está em baixo.
Nomeada para exercer mandato até 2013, a delegação integra para a Câmara das Regiões 4 elementos efectivos da Madeira, Açores, Região Centro e Junta Metropolitana do Porto, com 3 suplentes (novamente Madeira, Açores e Junta do Porto), enquanto na Câmara dos Poderes Locais lá estão 3 efetivos, autarcas das câmaras de Sousel e Beja, e outro da freguesia de Oliveirinha, com 4 suplentes, igualmente autarcas das câmaras de Miranda do Corvo, Caminha e Alcanena, mais um da freguesia de Torgueda.
Na anterior delegação, há dois anos, já tinha sido assim e disso demos conta na SMS 265 (junho de 2008). Para a Câmara dos Poderes Locais para lá foi gente da Covilhã, Sousel, Cabeceiras de Basto, Leiria e Torres Novas, além das eternas presenças dos eternizados fregueses de Oliveirinha e Torgueda que já devem conhecer melhor Estrasburgo do que o próprio presidente da República, e para a Câmara dos Poderes Regionais para lá foram pontuar o óbvio Carlos César, obviamente Alberto João Jardim, mais, dessa vez a Junta Metropolitana de Lisboa, com substitutos também da Madeira, dos Açores, mais um da junta do Porto e outro ainda da junta de Lisboa...
É claro que, como em tudo o que existe em Estrasburgo, quem lá está ou para lá vai pode fazer muitas coisas e também pode não fazer rigorosamente nada ou fingir que faz muito e nada fazer – tem havido de tudo e o próprio Algarve tem tido vários desses exemplos que vão da formiga trabalhadora à cigarra fanfarrona. Mas não é isso que está em causa. Independentemente de quem lá está, o que é chocante é a sistemática marginalização do Algarve em estruturas de representação política regional, paradoxalmente sem grande contestação regional ou local. O que quer isto dizer que alentejanos do Algarve, beirões do Algarve, transmontanos do Algarve e demais marroquinos de Oliveirinha e da Torgueda se sentem bem representados no congresso do Conselho da Europa afinal pelos seus verdadeiros conterrâneos porque o país desde há muito voltou a ser o Lá de Cima e Ilhas Adjacentes, como se viu nas listas para as legislativas, para o Parlamento Europeu e como se tem verificado para os mais importantes cargos políticos regionais que não sejam ONG’s ou IPSS.
Carlos Albino
- Flagrante reparo: Ainda mal se sabia se a SMS da passada semana teria mais um ou dois leitores do que o habitual, e eis que nos chega um e-mail com isto: “Apenas para informar que os títulos: Olhão Fez-se a Si Próprio, por António Rosa Mendes, tenho-o em Estante desde 10 de agosto de 2009, e que O Convento da Graça, por João Miguel Simões, tenho-o em Estante desde 9 de fevereiro de 2009.” Já nos tinham assegurado que, em matéria de livros, no Algarve, todos os caminhos não vão dar a Roma mas à Livraria Simões, em Faro, que nos endereçou o e-mail e fez prova dessa verdade.
Sem comentários:
Enviar um comentário