quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

SMS 339. A palavra coração está gasta, mas vale a pena


Quanto a Ruas da Solidariedade, temos que recorrer ao estrangeiro - no Algarve ainda não uma única rua com tal nome, embora travessas de intenções haja muitas...

Vem isto a propósito da campanha pública para a construção,
em terreno cedido pela Câmara Municipal de Tavira,
do Centro Regional de Cuidados Continuados, projecto
da Associação Humanitária de Doentes de Parkinson e Alzheimer.


3 Dezembro 2009

Então, um parênteses na atenção para estancar a baixa política, com atenção para o que consideramos pureza de política. Pois é verdade: o estado não é apenas feito de subsídios para o sector (nunca faltarão sectores…), de verbas orçamentadas, de dotações para apoio de (de e para, com e sob), e de investimentos prioritários (toda a prioridade tem dois sentidos). Há uma componente do estado que se chama Solidariedade e que não depende de magistério presidencial, de decreto de governos, de lei do parlamento ou de sentença de tribunal – depende exclusivamente dos cidadãos, da sua vontade colectiva (espontânea ou organizada), depende, enfim, do fundo dos corações que obviamente não se vêem quando se vê a cara de quem dá. E não vamos ensinar o padre-nosso ao cura, dizendo que a caridade (da ajuda sem conhecimento do beneficiado à esmola directa) é um fiozinho longínquo e um sinal remoto da Solidariedade a que nos referimos. A Solidariedade é vasta como um oceano, tem ondas que vão parar às praias de quem precisa e quem precisa ou pode vir a precisar pode até ser ou vir a ser quem de facto é solidário. Já a caridade é quando muito uma ribeira que só leva água quando chove ou se chove. É claro que muita caridade e muita esmola não passa de exercício compensado por salário de prestígio social, ou, na parte restante, de exibição de poder ou poderio de quem dá sobre quem recebe ficando às extensas – coisa de que as “revistas sociais”, algumas até contra a sociedade, dão público e confrangedor testemunho promovendo a beneméritos alguns que de solidários não têm nada. A caridade (e então a caridade para o estado que é tantas vezes pedinte!) visa a que se veja a cara que se vê; a Solidariedade parte do coração que não se vê.

Ora a essa campanha da Associação Humanitária de Doentes de Parkinson e Alzheimer, eu adiro de alma e coração, e apelo aos meus leitores (nem que sejam sete ou nove) a que adiram com alma algarvia e com coração algarvio. Primeiro que tudo, porque o Algarve pode muito bem tardar em ser Região Administrativa por laxismo governamental, jogo parlamentar ou serviço circunstancial de pára-quedistas, mas não pode nem deve adiar-se como Região Solidária. A nossa identidade também passa por aí onde estão os nossos corações e almas, aliás, é isso.

Por isso, peço ao director do Jornal do Algarve que publique regularmente um anúncio gratuito para que os algarvios solidários saibam a quem e como se dirigir para darem um tijolo que seja para a construção dessa Região Especial que vale a pena e não depende de decretos – basta vir dos corações que sentem, prescindindo-se de mostrar as caras. Serei atendido? Julgo que sim. Basta pronunciar Parkinson e Alzheimer para se perceber que essa região de solidariedade é urgente e necessária.

Carlos Albino

    Flagrante acórdão: Aquele que determina que um presidente de junta de freguesia a tempo inteiro não pode ser assessor ou adjunto de presidente de câmara. E parecer contra isto, batatas. Uma democracia local não pode nem deve ser a casa da Joana.

Sem comentários: