Anda Portugal, por aí fora, a debater o seu futuro, se terá viabilidade nos próximos dias ou até mesmo se ainda existe hoje. Aquilo são colóquios no Norte, são seminários no Centro, são jornadas na capital, e até mesmo a televisão, certamente para compensar aquela atoarda que apenas não cheirou totalmente a perfume de antigo cigano porque substituiu 28 de Maio, segundo a qual os elementos identitários de Portugal seriam «futebol, Fátima e 25 de Abril», até mesmo a televisão viu-se compelida a pleitear a viabilidade deste Estado, ou do país com este Estado, ou da nação com este País, como se queira. Quando não se quer ver escrutinado o presente, provoca-se o divertimento com o futuro, sendo este exercício paraolímpico apenas mero divertimento porquanto qual o País, qual o Estado, qual a Nação que tendo futebol, Fátima e 25 de Abril não haverá de sobreviver? Não se percebe como é que, com tais elementos identitários manifestamente perenes, os pensadores paraolímpicos ainda perdem tempo em indagar a viabilidade ou mesmo a existência de Portugal… Tenhamos pena, verdadeira pena é das regiões que, dentro desse Portugal imortal, não tenham dotes para pontapés, não disponha de um lugar de aparições divinamente pagãs, ou que nunca tiveram um 28 de Maio a sério nem um 25 de Abril a brincar uma vez que dois dias de democracia converteram muito antigo comissário da ditadura em fervoroso missionário da liberdade. Com a situação em que o futebol algarvio se encontra, dado que também não há meio para alguma divindade descer dos céus para aqui havendo tão bons sítios para isso (em Marmeleite, no Cachopo ou no terraço de algum hotel de Albufeira, por exemplo) e porque, quanto a datas, falta pouco para alguns líderes da região, trocando as coisas, evocarem o 25 de Maio e o 28 de Abril, é de temer se este Algarve, sem os elementos identitários de Portugal, tem viabilidade, se tem futuro ou mesmo se existe.
Carlos Albino
- Flagrante sugestão: Uma ida a Almodôvar, para uma visita ao Museu da Escrita do Sudoeste. Diz respeito ao Algarve e a todos os que, por identidade, são algarvios.
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