Ponto prévio - Só por estreiteza de visão é que se pode ver aguerrida competição política entre a Presidência da República com a atribuição do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa e os Prémios Talento do governo para distinguir os portugueses e luso-descendentes residentes no estrangeiro que se destaquem precisamente por isso – pelo talento. E estreiteza de visão ainda, lá porque uns prémios sejam dados num dia e outro no dia seguinte – no mesmo dia que fosse e à mesma hora, uma iniciativa não anula a outra, completam-se e, desde que os critérios sejam os da excelência, o mundo da emigração merece esses e mais prémios que houvesse nesse fito de reconhecimento da excelência.
Este ano, um dos prémios talento foi para uma associação de emigrantes radicados nos confins da Patagónia, emigrantes na sua maioria descendentes de algarvios – trata-se da Associação Portuguesa de Beneficência e Socorros Mútuos de Comodoro Rivadavia, província de Chubut, na Argentina, junto aos Andes patagónicos, a 2.000 kms de Buenos Aires. E quem subiu ao palco, foi a presidente dessa instituição, Maria Coelho Amado de Martín, descendente directa de gente do sítio da Tenoca, Boliqueime, Loulé… Aliás, os emigrantes dessa longínqua comunidade são, na sua maioria, oriundos do Algarve, chegados a essas terras desérticas a partir de 1902.
Fundada a 7 de Outubro de 1923, a associação liderada por Maria Coelho Amado é hoje uma obra imensa, pujante e afirmativa cuja descrição não cabe neste espaço, nem viria a propósito. O que vem a propósito deixar claro que o Algarve não pode nem deve perder de vista as extensões talentosas que possui na emigração, sabendo dar sem olhar ao que poderá receber ou sem fazer contas para tal e acima de estreitas visões.
Por isso, calou fundo a presença da governadora civil do Algarve na cerimónia de entrega dos prémios Talento, no convento do Beato. Não sendo algarvia, procedeu como algarvia e isso cala fundo.
Carlos Albino
- Flagrante trabalho de casa: Para Seruca Emídio que, com esta “descoberta” de louletanos nos confins da Argentina, lá tem que ir para a Patagónia. Mas que vá bem acompanhado.
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