Um acordo de geminação de um município isolado, pouco ou nada conta para o panorama do intercâmbio internacional de uma região, mas o total dos 26 acordos (por entre os 600 de todo o país) que os municípios algarvios mantém com autarquias estrangeiras, enfim, se forem ou fossem levados a sério, já são alguma coisa ou pelo menos dá para começar alguma diplomacia municipal.
Infelizmente nem todos esses acordos têm expressão política – além dos que estão desactivados porque morreram à nascença, alguns desses acordos são do reino do folclore e vivem aos soluços, outros não passam de manifestações episódicas de caridade oca, outros são oportunidade de convívio, de excursões mais ou menos bem sucedidas e salvam-se poucos como acordos de cooperação descentralizada e de relações autárquicas internacionais pautadas por propósitos de qualidade e excelência.
Olhando de relance esta incipiente «diplomacia municipal» do Algarve, não é difícil concluir que ela depende em muito do voluntarismo de presidentes de câmara, de simpatias sem sustentação por parte de grupos da terra ou, pura e simplesmente, de uma atracção pelo exotismo. Exceptuando um outro fenómeno de negócios em vista mas em acções casuísticas, não há uma estratégia delineada de cada município e muito menos uma estratégia concertada entre os municípios, que envolva diversas parcerias, designadamente da área económica, cultural e educativa. Por isso também nenhum município sentiu ainda a necessidade de criar um departamento de relações internacionais, pois para quê?
Vivemos metidos na concha e se a concha se abre é para excursões. É muito pouco, ou nada, para diplomacia municipal.
Carlos Albino
- Flagrante contagem decrescente: Para as eleições de 2009, europeias (soi-disant), legislativas e autárquicas. Quem quer ganhar e não está no poder tem que dizer em breve; quem está no poder, tem que deixar sugerido.
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