quinta-feira, 10 de abril de 2008

SMS 257. Atenção às diferenças

10 Abril 2008

Por via das escolas chega o primeiro grande sinal de um Algarve diferente, radicalmente diferente daquele que duas gerações conheceram – é um Algarve mais multi-cultural, muitíssimo mais pluri-étnico e manifestamente inter-nacional, com o hífen desta última palavra a acentuar o seu significado original. As estatísticas, apesar de desfasadas e de não poderem retratar com rigor a realidade continuadamente movediça, já tinham dado esse sinal, mas sem suscitarem a urgência de medidas ou a premência de reflexão sobre o modelo organizativo da sociedade em que cada cultura, etnia e nacionalidade se foi arrumando mais ou menos pacificamente, cada uma prosseguindo as suas regras, os seus hábitos e gostos que, vistos de fora, até têm sido apreciados nuns casos como saudável folclore, ou como bitola exemplar noutros casos de comunidades estrangeiras tradicionalmente portadores dos estandartes de civilizações supostamente mais avançadas, mas que têm mantido equilíbrio entre excessos de sobranceria e manifestações de tolerância convivencial. Mas quando tudo isto chega à escola – havendo escolas com dezenas, largas dezenas de etnias e nacionalidades transportando culturas díspares – há que repensar o modelo, não pelo receio de que os factos nos ultrapassem mas para se construir uma sociedade sem receios.

Sobretudo, as políticas locais que já não podem ser mono-culturais – a língua aprende-se, a cultura não. Tais políticas, cada vez mais, e mais aqui do aqui ali, têm e devem ser mais pluri-culturais, devem atender cada vez mais aos factores inter-religiosos (questão que até há pouco quase não se colocava), tendo alguns municípios que criar departamentos especializados de acompanhamento e apoio, e não apenas iniciativas casuísticas e pontuais, algumas no patamar de caridade.

Carlos Albino

      Flagrante falta de pontualidade: A da Mãe Soberana de Loulé, com quase duas horas de atraso no programa, num total desrespeito numa manifestação que para além do legítimo culto, expressa inestimável denominador de convivência humana que é sua mágica e estima.

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