Os autarcas da Região Oeste apresentaram ao Governo uma apreciável lista de contrapartidas como forma de compensar o chumbo do aeroporto na Ota. A lista é extensa e vai desde redes de lojas da “terra e do mar”, de “espaços urbanos da cultura, criatividade e conhecimento” a carta regionais (social, educativa e desportiva), passando por eixos viários estruturantes, agência regional do ambiente e energia, projecto digital, observatório das dinâmicas regionais, sistemas de gestão autárquica, um Polis regional, a requalificação do linha ferroviária do Oeste, marinas na Nazaré e em Peniche, centro de investigação, qualidade e certificação de produtos regionais, um pólo tecnológico, um hospital, um aeródromo em Torres Novas, requalificação da lagoa de Óbidos e valorização das termas das Caldas, entre o mais, designadamente infraestruturas rodo-ferroviárias que aproximem a região do futuro aeroporto, por certo em Alcochete, um pólo turístico e «montagem de um sistema de governança regional”. É claro que, se por não ficarem com o aeroporto os autarcas do Oeste exigem isso, é de crer que se tivessem ficado com o aeroporto exigiriam o mesmo ou talvez mais… O não-aeroporto é um pretexto e o aeroporto pretexto seria, porque o Oeste tem lobby influente na política – no governo, no parlamento, por dentro dos partidos e por fora, no poder e na oposição – e quando se trata de defender a região, toca a reunir.
Não é censurável, antes pelo contrário é de elogiar a força anímica e organizadamente reivindicativa dos autarcas e agentes do Oeste – é até coisa de meter inveja noutras regiões onde o medo de perder empregos políticos (se não é isto, parece) dita a submissão dos pretextos e a canonização política de interesses que dependem de centros decisão que, na verdade, estão fora da terra e exportam a grande massa de benefícios para fora da terra, sem contrapartidas de maior.
Imagine-se o que o Algarve não deveria reivindicar por não ter o que deveria ter. Mas onde é que está aqui a garra do Oeste, para não falar das garras mais a norte e até já da garra alentejana? Aliás, pouco falta para que os próprios comandos do Algarve não estejam todos nas mãos de gente que o Algarve distraído adoptou, ou que com muita e interessada atenção adoptou o Algarve. Tanto faz, embora muitos teimem em acreditar que o Algarve não será apenas uma figura de estilo.
Carlos Albino
Flagrante provérbio: Com papas e bolos, se enganam os tolos.
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