quinta-feira, 28 de setembro de 2006

SMS 177. A questão do suborno

28 Setembro 2006

A OCDE, em Outubro, envia a Portugal uma missão para avaliar o que as autoridades portuguesas têm feito no combate ao suborno, especialmente em matéria de grande corrupção em mercados internacionais, estando na mira o suborno de titulares de cargos públicos em negócios de nível internacional, autarcas incluídos. Ora, com muito respeito pela OCDE e mais respeito ainda pela Convenção Anti-Suborno que Portugal ratificou em 1997, o problema não será tanto o de ver ou de consultar papelada sobre o que as autoridades públicas do Estado Português (do mais importante Ministério à mais recôndita Câmara Municipal) fizeram ou dizem ter feito no combate ao suborno, mas sim o de verificar se alguma vez o Estado soube ou quis combater o suborno, impedir o suborno, acabar com o suborno – do grande ao pequeno, a começar sobretudo pelo grande e não pelo pequeno que de vez em quando tem servido apenas para dar mostras de haver combate e não mais. Naturalmente que o suborno a sério, o grande – então na imobiliária! – por natureza e por garantia de eficácia, tem as características do segredo de Estado, e quando faz parte da cultura do Estado confunde-se com o próprio segredo de Estado ou faz-se passar, aos olhos do cidadão normal, como segredo de Estado quando só e apenas é cancro do Estado, a doença mais incurável do Estado. Todos os dias vamos sabendo de histórias que, contadas obviamente à boca calada, não chegam aos ouvidos da OCDE. Se no Algarve fosse criada uma linha verde anti-suborno, não direi que os telefones entupiriam mas muita gente autárquica e dos serviços do Estado ficaria entre o amarelo e o azul, as cores que dão no verde...

Carlos Albino

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Flagrante contraste: O orgulhoso, impante e empresarial Farense de há uns anos, e o humilhante, cabisbaixo e mercearesco Farense de agora.

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