13 Julho 2006
No momento em que os fundos comunitários para o Algarve, até 2013, vão quase pela certa sofrer um corte de 75 a 80 por cento (a região, por assim dizer, terá de se contentar com 254 milhões de euros por, à luz fria das estatísticas, estar a sair artificialmente do chamado «objectivo de convergência»), pois é neste momento que o Plano Regional de Ordenamento do Território entra em discussão pública, com cada um a puxar para ao seu lado, o pequeno e já delido lençol algarvio.
As câmaras estão divididas procurando algumas, sem grande autoridade moral em matéria de ambiente, acautelar os quintais costeiros que restam; os investidores ameaçam, e, como se o capital financeiro tivesse sede na região e beneficiasse directamente o Algarve, só agora reclamam por «regras claras no turismo» quando nestes últimos 20, 30 ou 40 anos, nenhuma clareza reclamaram para os processos de financiamento e de recuperação; e como se tudo isso não bastasse, lá surgem uns quantos com ar melífero mas para quem a defesa do ambiente se esgota em malandramente acariciar um imaginário lince ou a cheirar tomilho, enquanto não conquistam algum bem remunerado posto de consultor ambiental, calando-se depois, cada um à sua vez.
Sem dúvida que o problema ambiental do Algarve é grave, atrever-me-ei a afirmar que, em termos de segurança, de bem-estar colectivo e de identidade, este será até o mais grave dos problemas que o Algarve enfrentou ao longo da sua velha história, porquanto, hoje o Algarve dos Algarvios não teme apenas um Remexido, que até era de mau tom e pior aspecto, mas teme, sim, umas boas dezenas de Remexidos, todos eles com muito bom tom e melhor aspecto apesar dos indisfarçáveis tiques próprios dos salteadores.
De facto, não sou eu que digo agora – tem sido voz corrente nos últimos anos que «o Algarve está ao assalto». Quem tiver dúvidas, que olhe para aquelas falésias de Albufeira ou mesmo para muito do que já foi domínio público marítimo.
Carlos Albino
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