18 Maio 2006
Na última semana, para além de ter sido inusitadamente bombardeado com telefonemas, e-mails e conversas de café dando conta de diversos assaltos nas zonas rurais em redor de Loulé, roubos de monta em estabelecimentos comerciais das principais cidades do centro algarvio e descaradas actuações de delinquentes envolvendo negócios criminosos um pouco por toda a parte, então não é que eu próprio fui vítima? Primeiro, em plena tarde, foi um inacreditável assalto à minha residência numa das principais avenidas de Lisboa e, dois dias depois, dois brasileiros assaltaram-me à mão armada, na mesma zona. Não pelo que me aconteceu, mas por aquilo que está a vitimar todos os dias dezenas e dezenas de cidadãos, penso que chegou o momento para, de forma clara e inequívoca, todos reclamarmos por mais segurança, por esquemas preventivos e dissuasores mais eficazes das autoridades com funções policiais, por critérios mais sopesados por parte das autoridades da imigração e, sobretudo ou acima de tudo, poses sem lassidão dos decisores políticos que muitas vezes se comportam ou justificam medidas como se fossem membros de uma ONG ressabiada. É que há um género de anti-xenofobia que acaba por ser xenófona com todas as letras e que acaba por favorecer o pasto para incrementar a verdadeira e temível Xenofobia que ninguém que seja sério deseja ou quer ver nos seus dias.
Nada adianta a cada um dos responsáveis – desde políticos e polícias, a tribunais e agentes de imigração – descartar culpas para cima dos ombros de cada um dos outros, deixando o cidadão atónito perante este jogo de lavar de mãos que pode garantir sucesso para abertura de telejornais e manchetes de tablóides, mas que não passa, tal jogo, de manifestações secundárias de adolescentes tardios da democracia. Igualmente nada adianta jogos de estatística, de percentagens ou de comparações com outros países e outras regiões, quando a insegurança é um facto e, além disso, quando a criminalidade se revela cada vez mais violenta e executada por gente, essa sim, sem dúvida, xenófoba, impiedosa e desumana.
Carlos Albino
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