21 Abril 2005
Volta e meia, quando no Algarve se fala se jornais – dos que há e dos que não existem fazendo falta como é o caso de um diário a sério – lá surge sempre um entendido a discorrer que há publicações a mais e que por serem muitas é a panóplia de títulos que impede a inciativa e êxito de um diário algarvio… Segundo tais discorrências, os jornais locais, melhor, os jornais que são criados para intencionalmente serem elos confinados das comunidades locais, serão como que uma sangria e um gasto estouvado de recursos a impedir que a Província Algarvia tenha pelo menos uma gazeta diária. Ora, nada mais errado! Nem é a existência destas publicações que impede um diário nem a sua quantidade vai por aí além, diremos mesmo que o Algarve, mesmo no contexto do País que fica muito aquém do que se verifica pela Europa fora, tem jornais locais (concelhios ou inter-concelhios) a menos. E quanto a um diário, se o não tem, é porque pura e simplesmente não há iniciativa editorial sustentada com tal finalidade, não há sincronia com o tecido empresarial que opera no Algarve, não havendo também uma vontade política efectiva que esteja além ou acima dos interesses dos partidos com poder na província. O Algarve não tem um diário provincial pelas mesmas razões que não tem uma estação de rádio provincial digna deste estatuto e uma televisão regional que não seja esmola do Estado.
Tal como uma crise profunda que ocorra no Turismo, a crise não se explica por haver hotéis e campos de golfe a mais, a crise da Comunicação Social do Algarve não tem nada a ver com a existência do singelo e puramente romântico Ecos da Serra de Alte, do bom Postal de Tavira, do dinâmico Região Sul da área de Loulé, do viril Barlavento que sopra de Portimão ou mesmo deste Jornal do Algarve que bem luta por ser o melhor da rua… Os jornais não são como na tropa em que um é soldado raso, outro sargento, algum capitão a esperar promoção a major e, enfim, sonhando todos chegar algum dia ao posto de general. Assim como o melhor sargento do mundo poderia dar no general mais desgraçado do planeta, também um magnífico jornal que por hipótese surgisse no Cachopo e apenas para ser o elo de Cachopo poderia resultar no mais pacóvio diário do Algarve, se a ambição por tal estrelato subisse à cabeça do hipotético director do Cachopo. No mundo dos jornais, não há hierarquias, há funções; não há eleitores, há leitores – e aqui é que bate o ponto.
Terá o Algarve leitores? É a pergunta que deve ser feita. Estamos em crer que não há jornais a mais, o que há é leitores a menos…
Carlos Albino
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