10 Março 2005
O que está a acontecer, dia e noite, nas estradas do Algarve e nas ruas das nossas cidades e vilas, é demais e não tem comparação com o que se passa no resto do País. Refiro-me ao trânsito selvagem, ao caos do estacionamento, à falta de civismo geral, ao desleixo das autarquias em matéria de educação pública, planos de persuasão e campanhas de prevenção, refiro-me à manifesta passividade das autoridades (não é só a falta de meios e incentivos…) e, sem dúvida, refiro-me a um estado geral de permissividade – até parece que ninguém se sente lesado.
São motas a voar por ruas principais e secundárias a 140 à hora, são automóveis a fazerem de simples travessas circuitos do Mónaco, são veículos uns estacionados sobre os passeios aos montões como camelos a dormir em Casablanca, outros estacionados no sentido inverso da marcha, é o escape aberto como regra geral, são as buzinadelas mesmo na alta madrugada para chamar um amigo do terceiro andar sem sair do carro, é a condução ilegal e indocumentada, é o trânsito nocturno dos intermediários e traficantes da droga que para tanto devassam recônditos caminhos rurais, são os pesados na Via do Infante a acelerarem como se fossem aviões a levantar voo no aeroporto de Faro… Ora entram em vigor novas medidas do Código da Estrada mas duvido que as novas coimas sejam eficazes se as autarquias não se empenharem na instrução pública (é a expressão), se as autoridades não começarem a levantar o dedo para além da caça à multa e se a sociedade não se indignar a sério, caso não se queira ter por aqui um filme ao vivo no género do que Ettore Scola realizou em 1976 - os «Feios, Porcos e Maus», exactamente.
Para já, neste 2005, o modo como se estaciona nas nossas cidades e vilas é feio, como se faz intencionalmente barulho com os veículos é porco, e o procedimento de autarquias e autoridades é mau.
Carlos Albino
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