01 Abril 2004
Sim, Faro é uma planura mas, nas imediações do Refúgio Aboim Ascensão, surgiu um enorme monte. Um monte de inveja, cobiças, ressaibo e perversões ali mesmo a cair sobre o Centro de Emergência Infantil e, claro, sobre o bom, abnegado e, na matéria de apoio a crianças, o sábio homem que é Luís Villas-Boas. Primeiro, foram umas contas mal interpretadas pelo jornalismo de trazer por casa a tentar fazer a cama da montanha, sem êxito, diga-se. Depois, há mês e tal, foi a questão da adopção de crianças por «casais» de homossexuais. E sendo esta uma questão que lança as maiores dúvidas e até os mais sérios debates na generalidade dos países, aqui, em Portugal, foi a aberrante sanha de uns tantos que querem impor a excepção tolerada como regra, a margem compreensível da natureza como normalidade e a sublimação questionável da apetência como instinto consagrado. E finalmente, na semana passada, foi o ataque descabelado a propósito dos cuidados especiais que as crianças seropositivas requerem e que o Refúgio não está preparado para prestar mas que afinal nunca recusou. Ora havendo mais de 600 instituições em Portugal que se dedicam a apoiar nos primeiros anos de vida as crianças atiradas ao lixo - por entre elas a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com cerca de 3.500 funcionários! - e todas procedendo de igual forma como o Refúgio, porque razão essa campanha contra Villas-Boas? Porquê a actividade vulcânica desse estranho sindicato que emite não menos estranhos pseudópodes em televisões e jornais de primeira, atirando-se exclusivamente contra o Refúgio e vendo-se nitidamente que, a qualquer pretexto, visa perfidamente um homem – Luís Villas-Boas? Pois essa minoria de gente que de inquirida passou rapidamente a inquisidora, o que faz, em vez de avaliar serenamente a experiência de um homem que, quase a partir do zero, construiu uma instituição modelar no País - melhor dito e sem hesitação, modelar na Europa, conhecida e reconhecida pelo mundo afora – o que faz? Faz aquela montanha que já cheira mal. Daí que tenha de dizer: Luís Villas-Boas, resista se faz favor! Neste momento tem 98 crianças para cuidar, as duas últimas abandonadas no último sábado, e você estava ao pé delas já a noite entrava adentro, quando por certo os seus algozes improvisados estariam distendidamente a alegrar-se com o balanço da refrega. Resista, se faz favor, porque não está sozinho.
Carlos Albino
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