08 Abril 2004
Os Correios de Portugal, S.A. ou CTT, S.A. são uma pessoa colectiva de direito privado, com estatuto de sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos. No fundo, o privado é por enquanto uma redundância a encobrir certamente intenções que estão longe de ser públicas. Em todo o caso, o presidente dos Correios, Carlos Horta e Costa que, na fotografia hieratizada para os portugueses on line, surge em mangas de camisa apoiando o queixo em mão de pensador perscutante - como agora parece ser obrigatório na imitação serôdia dos empresários norte-americanos dos idos anos 70 – garante-nos que «a reformulação levada a cabo (nos CTT) tornará a empresa mais ágil, eficiente e inovadora». E naturalmente, como os CTT são, por enquanto, de capitais exclusivamente públicos, Horta e Costa acrescenta o óbvio descargo de consciência: «queremos que os nossos clientes nos sintam como um parceiro de negócio com a preocupação central de oferecer as melhores soluções e elevar a qualidade de serviço». Não se questiona que os CTT de Horta e Costa tenham que preparar-se para enfrentar novos desafios, embora ele destaque o da «liberalização de mercado» - objectivo que, como se sabe e à falta, por enquanto, da mão espanhola no nosso sistema de serviço postal universal, em todo o terceiro mundo se consegue através de protocolos com juntas de freguesia… Mas não é de Espanha (que tem a distribuição postal numa lástima, tal como a Alemanha, a Suécia…) que importa falar aqui. Falemos do Algarve que, até sob o ponto de vista postal e dos serviços financeiros postais, é uma região caracterizada. Pois o que fez Horta e Costa para tornar a sua empresa de capitais exclusivamente públicos numa empresa supostamente «eficiente e competitiva, rentável e com qualidade» no Algarve? Bem, Horta e Costa fez isto: acabou com a direcção regional dos CTT e mudou-a para Évora, sem escrutinar a decisão com os «parceiros do negócio». Foi uma desastrosa decisão e as consequências estão à vista. Os CTT que já mentiam na sigla (o primeiro T de Telégrafos falta à verdade e ao segundo T de Telefones até os dentes lhe caiem) também passaram a não ser confiáveis no C de Correios. Na verdade, ao mudar o quartel para Évora, Horta e Costa acabou com os Correios no Algarve, além de, segundo parece, ter falhado nessa ideia peregrina de fazer converter os presidentes de junta em parceiros de balcão. Digamos que, no que diz respeito ao Algarve, Horta e Costa brincou em demasia com capitais exclusivamente públicos. Voltaremos ao assunto.
Carlos Albino
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