27 Fevereiro 2004
Acabo de ouvir pela rádio uma intervenção pública de um autarca algarvio. Não interessa saber-se agora quem é, nem do que falou nem para quem falou. Não quero «fulanizar», como agora se diz quando um texto é incómodo, e muito menos desejo converter pessoa tão bem convencida e melhor rodeada, em vítima a concitar a misericórdia e a compaixão. Assim diz-se melhor o que se tem para dizer. Desde que este ano de 2004 começou, já deve ser a vigéssima personalidade pública de relevo que – ou pelo que ouço ou pelo que leio - mostra à evidência desconhecer a gramática portuguesa, ou dar notórios sinais de que pouco ou nada percebe do que fala, e, com todo o àvontade da terra e dos céus, mergulha o cérebro na celha dos maiores disparates. Desculpem-me mas dou um conselho: levem ao menos o discursozito escrito, razoavelmente bem pensado e não tenham vergonha de pedir uma opinião prévia a quem sabe sobre a matéria que estiver em causa. Falar bem de improviso não é apenas um acto de coragem ou de «treino» como os ignorantes reciprocamente se desculpam e estimulam quando sobem pelos escadotes podres dos partidos. E se o falar, só por si, é um acto de responsabilidade sobretudo quando se fala «em nome de...», o falar de improviso quando não se percebe patavina da matéria é um acto de desrespeito grosseiro. Na verdade, tenho de dizer: a «qualidade» do discurso público no Algarve anda muito por baixo e toca no ridículo.
Carlos Albino
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