20 Novembro 2003
Sei, de forma muito particular, como o Presidente Jorge Sampaio se preocupa com os direitos, os problemas e os anseios dos cidadãos, sobretudo daqueles de que, sofrendo pela calada, ninguém fala. Em função desse apurado talhe humanista de espírito e de sensibilidade profunda, Jorge Sampaio tem percorrido o País e programado as suas Presidências Abertas. Mas no que diz respeito ao Algarve, descontados pequenos circuitos de circunstância política, ainda não vi o Presidente da República assentar arraiais na vasta Serra de Monchique e Silves a Loulé/São Brás e Alcoutim, zona secularmente abandonada onde, à evidência, estão as zonas mais pobres de Portugal (Alcoutim é mesmo isso – o Concelho mais pobre do País!) e no abandonado Barrocal onde desgovernos, anti-planeamentos e voragem de lucros fáceis avançam como truculentos conquistadores deixando atrás uma insustentável ruptura cultural e uma mancha de populações desorientadas que protagonizam o alastramento da pobreza envergonhada a par da extrema insegurança, da doença e do isolamento. Ora o Presidente Jorge Sampaio deveria fazer uma Presidência Aberta aí e só aí, ouvindo todos, podendo e devendo ver tudo em directo e não em diferido por via das esclarecidos donos de jardins, arquitectos de campos de golfe, engenheiros de hotéis e técnicos de esplanadas da estreita faixa da beira-mar – frágil Paraíso mas, enfim, Paraíso. Estou em crer que o Presidente Jorge Sampaio aceitará este desafio de «auscultar» a paupérrima Serra e o indefeso Barrocal Algarvio que nenhum Governo – nenhum – levou a sério. Que venha por Bem.
Carlos Albino
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