quinta-feira, 5 de março de 2015

SMS 605. Três poetas populares

5 março 2015

Sabia que existiam, foi muito difícil encontrar estes três poetas populares algarvios: Carcominda Figão, Fernão Barranco e Filomeno Querenço. Incompreensivelmente, os seus livros estão por publicar. Ao acaso e por entre centenas e centenas, retiro quadras soltas das suas obras inéditas, a seguir referidas entre aspas, para ajuda de eventuais investigadores à procura de pretexto para subsídios:

1 – Carcominda Figão, in "Linha Amarela, Paragem 13”

Qual pior, se náufrago só numa ilha
Se ilha já sem lugar para naufragados.
Um náufrago sozinho não pilha,
Em ilha de ladrões, são todos “alegados”.

Perante chineses, só deves rir
Da desgraça, com riso amarelo:
Eles sabem bem distinguir
Uma laranja de um marmelo.

2 – Fernão Barranco, in "Constatações do Tesouro Municipal"

Um agente duplo pede-me resposta
A se é um vertebrado ou invertebrado.
Digo-lhe: “O que tens, é fratura exposta,
E o que não tens, é osso emprestado".

Relógio pára à falta de corda,
Falta de relógio o tempo não pára.
Acaba por dar horas numa açorda
Quem canta de galo sendo uma arara.

3 – Filomeno Querenço, in "Manuscritos da Benémola"

Seja a sondagem a mais correta,
Por Portugal ser Portugal,
Quando a coisa está mesmo preta,
Ou dá petróleo, ou gás natural…

Pensas que apertar as mãos dá votos:
Quem à cruz apertou as mãos de Cristo
Apenas teve apoio de uns canhotos
Com o resultado que estava previsto.


Carlos Albino
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Flagrante nome: Aeroporto Internacional do Algarve, diria Sacadura Cabral, o qual, a não ser isso proporia Gil Eanes – nome maior.

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