Por vezes a gente
embate com um estudo criterioso, com uma pesquisa fundamentada e com uma
conclusão que se devia respeitar, não como artigo de fé, mas como pista para
melhoria da Sociedade, e é como se agente embatesse com um meteoro, um
pedregulho à deriva e que depois do embate, à deriva continuará por esse caos
das inutilidades, sem aproveitamento, submergindo na escuridão. As
universidades estão cheias desses pedregulhos que resultam em mestrados e em
doutoramentos em número e com temas sem fim, muitos deles que deviam fazer
parte do acervo da Política e basear as decisões, planos e programas políticos,
mas, desaproveitados, ficam a andar por aí às curvas desaparecendo como
meteoros nos confins. Ou, tomando como metáfora, verificações mais próximas dos
olhos, são como a água que se some na areia. A Universidade do Algarve também
tem disso, e se a sua água se some, a culpa não será da universidade, mas da
areia dos poderes, todos, dos locais aos centrais, qual deles melhor ou pior
que o outro. Se a conclusão incomoda e colide, some-se.
Ora aconteceu que, andando eu por esse
caos, embati com o meteoro de uma dissertação de 2011, em sede da Faculdade
de Economia da Universidade do Algarve, precisamente com este título: “O
Universo Associativo no Concelho de Loulé - Formas de interacção entre a Câmara
Municipal e as suas Associações: estudo de caso”. Foi uma dissertação para a
obtenção do grau de Mestre em Administração e Desenvolvimento Regional, da
autoria de Carina Castanheira Guerreiro, que não conheço mas que logo lhe
retirei o peso da metáfora de meteoro errante, vendo que se trata de boa água,
tão boa que não devia sumir-se na areia. Certamente que haverá mais estudos
sérios, envolvendo o Algarve no seu todos ou nas suas partes, e sobre os mais
diversos temas de elevado interesse para a Sociedade.
O trabalho é longo, 329 páginas, estou
a ler atentamente, até porque 2011 não é assim tão longínquo. Vou pela metade,
mas já deu para validar a conclusão enunciada à cabeça: “Os resultados confirmam as hipóteses de partida, isto é, o
Associativismo Louletano está muito dependente dos subsídios atribuídos pela
Câmara, subsídios que são pouco objectivos e criteriosos, existindo o risco de
alguma arbitrariedade. Paradoxalmente, assiste-se a um aumento do número de associações,
mas ao mesmo tempo, a uma diminuição da participação pública. Podemos concluir,
pois, que na ausência de uma definição estratégica municipal, o Movimento
Associativo Louletano não é parte integrante das políticas públicas locais.
Esta é, afinal a característica mais relevante das políticas públicas locais de
primeira geração”.
Claro que, com uma
conclusão destas em 2011, a água teria que sumir-se pela areia e, hoje em 2014, a areia está seca.
Para conveniência geral: dos que beneficiam do caos e dos que são beneficiados
por tudo isto andar à deriva. Todavia, oportuna adversativa, parabéns Carina
Castanheira Guerreiro. Mais vale tarde que nunca.
Carlos Albino
Carlos Albino
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Flagrante constatação: A Comunicação Social do Algarve, toda, das empresas a agentes devia começar por duas coisas simples: a legalidade e a transparência. Devia deixar-se das paredes-meias. Ninguém nisso sobrevive em verdade, e, sem isso, invocar a Ética é o mesmo que invocar o santo nome de Deus em vão.
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