Neste sábado (dia
6, 18:30) debate-se em Lisboa, na Casa da Achada (Rua da Achada, n.º 11, na
Mouraria), a questão do bairro da Meia Praia, questão de Lagos mas que vai
sendo um emblema dos tempos. Vale a pena recordar porquê, bastando seguir as
palavras dos promotores da iniciativa.
Quando se deu a revolução de Abril de 1974, as barracas de zinco de
uma comunidade de pescadores, em Lagos, desapareceram desse lugar. Através do
serviço ambulatório de apoio local, conhecido como projecto SAAL, o governo
cedeu o terreno, o apoio técnico e parte do dinheiro, e as populações avançaram
com a mão-de-obra.
O fim do bairro de lata de Lagos ficaria a dever-se ao arquitecto
José Veloso. Foi difícil convencer os moradores do bairro. Desconfiavam das
promessas e chegaram a ameaçar correr José Veloso à pedrada. O arquitecto não
desistiu. Aos poucos, os pescadores acreditaram que poderiam ter direito a uma
casa.
A população, ansiosa por deixar as barracas, organizou-se em turnos.
Quando os homens estavam no mar, eram as mulheres que trabalhavam nas obras.
Havia duas regras: as habitações tinham de começar a ser construídas ao mesmo
tempo e todos teriam de ajudar na construção de todas as casas.
O realizador de cinema António da Cunha Telles decidiu fixar em
imagens a transformação que estava em marcha no documentário «Índios da Meia Praia» e José Afonso criou a música
com o mesmo nome.
Quase quarenta anos
depois, o bairro, localizado a
poucos passos da praia, numa zona de expansão turística e ao lado de um campo
de golfe, parece ter os dias contados.
Nesse debate vão estar presentes precisamente o arquitecto José Veloso
e o sociólogo João Baía. Esperemos pelas conclusões.
Carlos Albino
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Flagrante contagem de eleitores: A 87 dias das eleições autárquicas (a partir de hoje, quinta), segundo o mapa oficial publicado esta semana, no Algarve estão inscritos 373.714 eleitores, dos quais 366.983 são cidadãos nacionais, 2.023 são estrangeiros residentes e 4.708 são cidadãos da UE.
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