Os estrangeiros com residência permanente no
Algarve são muito mais que os 6.731 que se
inscreveram como eleitores para estas autárquicas de setembro, mas esse número
já é apreciável e há que ter em conta. E embora os estrangeiros inscritos nos
cadernos eleitorais da região, na sua maior parte, possam eleger e ser eleitos,
até agora não é conhecida qualquer candidatura a cargo local ou participação
expressiva em lugar elegível nas listas. Ou seja: bastantes dos nossos vizinhos
estrangeiros participam, por certo irão votar, mas não querem meter-se diretamente
no barulho. E compreende-se porquê. A população estrangeira está muito dispersa
pelo Algarve, na maior parte das freguesias confina-se em microcomunidades, e, por
uma questão cultural, é uma população discreta e aversa à intrusão. Em todo o
caso, contam e cada vez mais, até porque começa já a existir uma segunda
geração nada e criada no Algarve, perfeitamente integrada e inserida.
É curioso
verificar que é o concelho de Loulé aquele que apresenta o maior número de
eleitores estrangeiros inscritos: 1.322 (831 cidadãos da UE e 491 de países
extra-UE). Segue-se Albufeira, com 1.193 inscritos (451 da UE e 742 extra-UE).
Depois Silves, com 687 (554 UE e 123 extra-UE); Tavira, 673 (609 UE, 64 extra);
Lagos, 646 (616 UE, 30 extra); Portimão, 521 (292 UE, 229 extra), enfim, cá já
em baixo Faro com 297 eleitores estrangeiros (134 da UE e 163 extra-UE).
Toda esta gente, nossa vizinha, é em número esmagador uma gente culta, conhecedora
de como funciona ou deve funcionar a democracia, muitos com vivência e
experiência dramática da história, quase todos tendo surpreendido Portugal já
em democracia, têm muito para dar, com raras exceções falam português, muitos
lêem e escrevem a língua de acolhimento, e todos usam o sorriso como linguagem
universal de simpatia que é algo que entre nós, os nacionais, vai faltando
porque dar os bons dias já quase desapareceu e dizer obrigado só muito bem
pago.
Ora os nossos vizinhos estrangeiros, ao inscreverem-se nos cadernos eleitorais, querem dizer
antes de tudo que estão presentes, que vivem os problemas, e que, embora com discrição,
querem participar através do voto na escolha de soluções. A partir das câmaras
e das juntas há olhar de maneira diferente do passado, para estes vizinhos com
muitos dos quais só temos a aprender.
Carlos Albino
________________
Flagrante soma: Faltam 80 dias para as eleições autárquicas. Infelizmente para alguns, talvez muitos, é a soma de 40 dias para enganar e de outros 40 dias para ser enganado,
Sem comentários:
Enviar um comentário