quinta-feira, 6 de junho de 2013

SMS 516. O Algarve sem a garra do Porto

6 junho 2013

Do Porto foi expedida uma Carta Aberta ao Governo de Portugal, em defesa do crescimento económico e do respeito pelo Porto. Os signatários são de peso, o enorme batalhão de influências da capital do Norte está lá, da universidade ao mundo empresarial até ao bispo do Porto que não se coibiu de subscrever preocupações do foro do poder temporal.  Mudando o que deve ser mudado, o que nessa carta aberta se afirma também poderia ser escrito em defesa do Algarve e do respeito pelo Algarve. Só que no Porto há um batalhão de influências e de vontades, e, no Algarve, se vontades não faltam, as influências ou são poucas, ou estão atadas. E mesmo que se desatassem, não sei se o bispo do Algarve tomaria a decisão de aderir a um pedido de respeito, como o seu colega do Porto fez em consciência e ciente de estar bem acompanhado.

A economia regional está nas lonas, o desemprego é percentualmente e de longe o mais elevado do país, somos os menos culpados e os mais modestos beneficiários da excessiva construção de auto-estradas, o reclamado hospital central está no papel e não deve sair daí tão cedo, as ligações ferroviárias para o País e Espanha são uma lástima, a política portuária tem sido de um laxismo atroz, a promoção internacional e interna do turismo algarvio além de não ter rasgo não pesa na balança, a política cultural não existe, enfim, o rol de pretextos para uma carta aberta ao governo é extenso e a lista de motivos para se pedir respeito pelo Algarve é tão interminável como os grãos de areia sobre os quais nos habituámos a ver governantes atrás de governantes a bronzearem-se, porque após o bronzeamento “adeus Algarve, que vou para Portugal”.

É claro que não temos personalidade promotora da igualha de um Rui Rio, mas à falta de lideranças nacionalmente firmadas, políticas ou empresariais, que imponham respeitinho, ainda assim temos uma Universidade que não deveria continuar por ali, fechada como vieira, por entre os pruridos de Gambelas e da Penha, se calhar à espera da cataplana. Competiria à Universidade tomar essa iniciativa, tomar a dianteira, dar prova de que possui um bilhete de identidade vitalício com o nome e o sobrenome da sociedade onde se insere e da qual filialmente depende.

Carlos Albino
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Flagrante suspeita: Tudo leva a crer que as próximas autárquicas vão ser uma enorme manifestação...

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