quinta-feira, 16 de agosto de 2012

SMS 475. Forças vivas?

16 agosto 2012

Outrora tínhamos as forças vivas que ora apareciam nos momentos solenes ora elevavam a voz quando o interesse geral ou o bem comum para isso as empurravam para não fazerem figura de forças mortas. Tínhamos as forças vivas do Algarve e também as forças vivas de cada terra, forças vivas essas que englobavam não só quem tinha e exercia poder mas também todos os que de algum modo tinham influência e cuja opinião contava. E agora? Nem forças vivas, nem forças mortas. É verdade que elegemos deputados que aproveitam o melhor possível o seu tempo em Lisboa para a chamada carreira política e que de vez em quando lá se lembram da terra também pela chamada fidelidade aos eleitores; é também verdade que temos autarcas agora com mandatos contados e que deixam de o ser quando começam a ter alguma força; é ainda verdade que temos uma nomenclatura de chefes regionais nomeados para isto e para aquilo e que andam ou têm que andar nos carris se é que querem também fazer carreira de funcionários. Fora disto, ficam os bombeiros, os músicos da Orquestra do Algarve, um ou outro carola de rancho folclórico ou mesmo algum artista de fogo de artifício e ainda as agências funerárias que dão as notícias dos mortos por fotocópias coladas nas paredes. A única universidade pública não conseguiu ter voz marcante e esperançosa sobre as grandes questões da região, as poucas escolas privadas de ensino superior vendem o produto o melhor que podem e pelo mundo das escolas secundárias e básicas as exceções confirmam a regra de mundos à margem do mundo quando não interesses corporativos tocados.

É claro que a democracia fez-se para eleger poderes de decisão e de representação mas também para dar mais vida às forças vivas, o que não acontece nem há meio de acontecer porque ninguém quer e caso alguns poucos o tentem ficam paradoxalmente isolados por um clima montado de suspeições partidárias, ficando a participação e mobilização cívica e torno das grandes causas regionais completamente bloqueadas. Portanto, restam as praias e fazer o maior dinheirinho possível em julho, agosto e setembro em que o sol é de facto a força viva mas não tem voz.

Carlos Albino
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Flagrante desdém: Dos governantes responsáveis pela matéria nem uma palavra sobre o 31das portagens na Via do Infante e sobre o pandemónio da 125 que nenhuma “requalificação” pode salvar. Já não apenas desconsideração, é desdém.

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