Deus não foi totalmente previdente na escolha do local e do momento para o seu filho humano nascer – escolheu um estábulo e não esperou pelo século XXI, fez mal. Assim, deixou que o diabo faça nascer não apenas um mas os seus milhares de milhares de filhos nesse local que onde tudo o que apareça fica aparentemente eterno – a internet. E aí temos os diabos à solta, sob anonimato e cientes da impunidade, atacando sem fundamento seja quem for. Insultam, caluniam e mentem sem consequências. Sabem que a justiça não lhes pode bater à porta, ou que, quando pode, demora dez anos a subir o degrau da soleira; sabem que a delinquência impera tornando os delinquentes solidários entre si por questão de sobrevivência, e sabem que a cobardia já quase tornou num valor moral, tanto que é pela cobardia que exibem que a maior parte desses diabos chega a usufruir de consideração pública e até de prestígio.
Bem vistas as coisas, esses pobres diabos não fizeram mais nada na vida do que roubar, aldrabar e fugir em algum momento em que prevejam acerto de contas. Mas agora que a internet proporciona a qualquer ladrão arvorar-se em figura proba e que faculta a qualquer delinquente fazer de juiz aparentemente imparcial, aí temos esses filhos do diabo a vingar o facto de algum bem ter nascido num estábulo e sobre palhas.
Sem que a gente proba disso se tenha dado conta, esses diabos instalaram já um clima de guerra civil, matando à queima-roupa quem lhes descubra o rabo-queimado de mafarrico. O que tais diabos conseguem fazer já está a ultrapassar as marcas, mas é o que querem: fazer da vida dos outros: um inferno.
Carlos Albino
- Flagrante postal de festas: Bom Natal para todos os leitores
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