quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

SMS 346. Segurança e sinistralidade


21 janeiro 2010

1. Quanto à segurança, a propósito do que recentemente aconteceu com residentes britânicos e levou o Algarve às parangonas de jornais e exaustos relatos televisivos sem ir às causas, tem que se dizer que a segurança dos britânicos residentes não é mais que a segurança dos residentes algarvios. O bandido não escolhe nacionalidades, escolhe bens, e actua quando sabe que o seu próprio perigo é mínimo ou mesmo inexistente. Para os bandidos e delinquentes, o terreno de ataque está livre por esses campos e cerros com vista para o mar ao longe, onde flores, passarinhos e alegria não faltam faça sol ou chuva e que, se não fossem os inesperados bandidos, a coisa estaria muito próxima do paraíso. Mas há bandidos que actuam primeiro porque são bandidos e segundo porque sentem o terreno livre. Dir-me-ão que em todo o lado é assim. Não duvido, só que em poucos lados que tenham o turismo à cabeça, a vigilância de cidades parece ser vigilância de aldeia e a das aldeias nem existe, com as recepções das polícias à espera dos clientes que são as vítimas, e com as polícias, muitas vezes, a parecerem um corpo de escuteiros, por falta de condições, por erros crassos de política, por falta de credibilização designadamente pública, e por comandos não suficientemente escrutinados e fiscalizados. É por isto que um número incontável de vítimas nem se queixa e quando se queixa é em função da companhia de seguros. E quem ainda não é vítima anda à sorte e depende da sorte, mesmo que por canhestra manobra pública se aumente o número de escuteiros.

2. Quanto à sinistralidade, a das estradas entenda-se, foi por aí dito que diminuiu. E porque diminuiu, não faltou quem logo atirasse foguetes, feita a leitura das estatísticas com ligeireza ou segundas intenções, intenções estas que são as de mostrar serviço. Ora, até o Senhor de La Palice diria que com a redução de tráfego a sinistralidade também diminui… Os gasolineiros vendem mais gasolina e diesel que há um, dois, três, quantro e cinco anos? Não vendem. Os stands vendem mais automóveis? Não vendem, antes pelo contrário. Os centros de inspecções deixam permitem que carros sem condições circulem? Não permitem. Há cada vez mais gente a deixar o carro à porta? Há. Por aí adiante. É claro que, assim sendo, a sinistralidade é menor e até seria nula se os automóveis desaparecessem – quando muito voltaríamos à época em que os acidentes mais não eram do que cornada de boi, patada de mula e burro enlouquecido. As leituras ligeiras das estatísticas pode ser pretexto para mostrar serviço mas mal da administração pública que tem um La Palice metido na política.

Carlos Albino

    Flagrante epitáfio: Após estas décadas de desperdiçada democracia, já dá para sugerir a muita gente que prepare o epitáfio: «Aqui jaz um homem (ou uma mulher) que se serviu com total devoção da política e mais não se serviu dela porque o que é bom também se acaba».

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