Ouvido o júri, acate-se a decisão: o Prémio SMS de Jornalismo 2007, é atribuído a João Ventura, alma e artífice da revista Atlântica, pérola de jornalismo cultural, pérola ímpar no Algarve. João Ventura conseguiu erguer uma obra de onde se perscruta o mundo das ideias e das belas letras tal como apenas é possível num promontório – abertura ao mundo, gente de diferentes países na panorâmica até aos confins do debate e da divulgação, modernidade, e, sobretudo, um salto sobre o provincianismo mental. A revista Atlântica lá vai navegando à bolina desde 2004 e oxalá que continue a navegar. O Algarve, muito para além de elites, precisa de escol e o trabalho de João Ventura vai nesse sentido – a criação de um escol, quem diria, a partir de Portimão. Se, por acaso, passasse pela cabeça de Manuel da Luz, o presidente daquela visivelmente abastada autarquia, patrocinar uma reunião geral dos colaboradores da revista Atlântica, isso não seria apenas uma reunião na foz do Arade, seria já um congresso internacional de ficcionistas, poetas, ensaístas e ofícios correlativos de que o mundo e o Algarve, que está nesse mundo, tanto carecem, porque são todos pensadores e poucos deles fadistas sem noções de solfejo. João Ventura merece o nosso reconhecimento, pelo que não lhe falte meios e condições para continuar a obra.
João Ventura, nestes reconhecimentos de mérito que se decidem anualmente no Dia de Reis, junta-se assim a João Prudêncio (2007) que, por deliberação infeliz, foi substituído na Lusa/Algarve tal como se substitui num prato de bacalhau o grão por ervilhaca (fica o prato intragável), a Carlos Branco (2006) e a Idálio Revez (2005).
Carlos Albino
Flagrante dito e redito: « (…) o Algarve, que vale muito para a economia do país, pouco conta politicamente. Nada de importante é decidido na região. E os algarvios têm muita responsabilidade nisso. É por isso que não existe uma «visão» integrada do desenvolvimento turístico sustentável da Região.» – Vítor Neto, in Observatório do Algarve.
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